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HOMEM UM SER EM TRANSIÇÃO


Durante quase toda sua história na Terra, teve que usar da força física e da competição para delimitar seu território. Aparece na mitologia grega no arquétipo do "devorador dos próprios filhos" a fim de não ser destronado e sucedido. E para ser esse,ele precisava negar - negar a dor do corpo, negar o medo, negar o belo, e quase todas as formas de sentimento. Ele precisava negar a si mesmo, e é claro que você, leitor, já sabe que estamos falando sobre o homem, o macho da espécie. Hoje, ainda vemos homens se comportando como devoradores (os que não assumem seus filhos juridicamente, os violentos ignorantes e intratáveis), mas queremos enfatizar o homem na fase de transição em que se encontra, onde não há mais um lugar tão determinado para ele como havia no passado. Isto porque necessita acompanhar a nova mulher,que ganha novos espaços,ao mesmo tempo em que é transformado por essa nova mulher. E todos estão ganhando com essa situação: ele mesmo, a mulher e, principalmente, o filho que acaba tendo uma relação bem diferente com o pai. Se por um lado a mãe divide as despesas com o pai, por outro, o pai divide as tarefas domésticas com a mãe, e vem deixando aflorar mais a sua sensibilidade, mostrando seus sentimentos e participando efetivamente na educação dos filhos. E ele acaba funcionando como o executivo principal da empresa lar onde a maior parte da tarefa chata é dele, como dizer NÃO. Enquanto a mãe pode abraçar o bebê contra o peito, protegendo-o, cabe ao pai impulsioná-lo para o alto e resgatá-lo em seguida segurando-o, lançando-o confiante para o mundo, mesmo com os suspiros de angústia das avós. Se antes ele precisava negar-se, agora ele renuncia com paciência: " Não adianta, querido, o nené come banana - maçã, não vamos levar a que você gosta". "Não dá para ver o jogo antes de acabar o programa do pimpolho". "Ele vive tirando as fotos do filho com todos, mas na hora da revelação, o pai tem o polegar numa foto, e a ponta do sapato na outra. Ele fica feliz "E aquele carro, o seu maior sonho de consumo? Virou um berçário ambulante, treco para todo lado". "O maior impasse do pai é fazer hora extra ou ficar com o filho à noite". Cabe a ele ainda propiciar os rumos que a família vai tomar em relação às metas, e transmitir a tradição moral, arquitetando formas de engajar os filhos nas ações do viver, incluindo contratos, parcerias, incentivos e recompensas ou punições. Como está ainda em transição, nem tudo é perfeito, e ele ainda não aprendeu a dialogar, por isso não gosta do"papo" de rever relacionamentos, esse falar não sai nem com saca-rolhas. Bem diferente de outras épocas, espera-se que, no futuro, a sabedoria do velho sábio pai junte-se ao renovado espírito pueril do jovem filho, produzindo uma relação de efetiva espiritualidade. Com isso se originará um outro novo homem moderno, maduro, criativo e que reflita sobre si mesmo. Enfim, sendo bravo ou brando, antiquado ou moderno, autoritário ou liberal, este mês, PAI, você é o nosso astro... Brilhe! E que São José o ajude, porque é árdua a tarefa. Parabéns !!!

Matéria publicada no jornal dia 10 de agosto de 2003

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