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COMPORTAMENTO E OBJETIVOS - O SENTIDO DA VIDA


Aos 42 anos, Augusto sente-se muito irritado por tudo o que acontece ao seu redor, e resmunga: -“Desde que comprei este apartamento não faço mais nada de bom, não jogo bola aos sábados, não ando mais de moto, não consigo trocar de carro, é do serviço para casa,tudo sempre igual numa mesmice sem fim. Que sentido tem a minha vida? Nenhum...” Seus pensamentos são interrompidos pela esposa: “Augusto, o jantar está na mesa”. Reage: -Não me aborreça sua chata! À esposa só resta um ponto de interrogação, pois não sabe ler os pensamentos do marido, não entende a agressão espontânea dele, e se afasta em silêncio. O que está acontecendo? Percebemos uma clara insatisfação em Augusto no que diz respeito à falta de acontecimentos no seu dia a dia, e a companheira também não escapa de suas” farpas queixosas”, que o fazem mergulhar na melancolia, vagueando seu pensamento pelas lembranças de tempos que já se foram, e dos caminhos que já percorreu, bem como de conquistas já alcançadas e superadas. É como se houvesse um buraco dentro de seu ser que ele não soubesse com o que preencher. E ele passa então a re-ssentir emoções, isto é,está numa etapa nova e diferente em sua vida, mas fica remoendo emoções que pertenceram a antigos valores em outras antigas etapas. É como se o Augusto estivesse portando uma capa impermeabilizante, impedindo-o de receber as novas informações e incorporá-las como contexto pessoal de experiências. No lugar da maturidade e do aumento de sabedoria que seriam situações esperadas na sua idade, vemos a imaturidade instalada, e lá está ele , comportando se como vítima da vida, igual a um adolescente. As vezes, pode acontecer o que chamamos de polarização, onde o indivíduo fica menos permeável ‘as mudanças, tentando re-viver um “script” que foi sucesso um dia e que o faz ficar agarrado a um sistema fechado e conhecido – produzindo nele um tremendo medo do novo, perdendo de vista seus reais objetivos, incapacitando o a perceber o que faz sentido. E até um dos maiores objetivos modernos que é ter a casa própria, acaba não sendo garantia de satisfação perene, pois emocionou, mas e agora, o que mais buscar? Somos seres desejantes, então o que nos trará saciedade e satisfação? Como não há estagnação no Universo (já sentiu cheiro de água parada?), Augusto deverá buscar verdadeiros objetivos para sua vida, caso contrário, entrará num nível de frustração maior que de satisfação, condenando-se ao enfado, e a mesmice; e o que é pior, poderá fazer doenças as vezes irreversíveis e fatais,e além disso ser um forte candidato a acabar sozinho seus dias, pois transformou a companheira na depositária das suas frustrações e rancor. Essa capa impermeável necessita ser retirada o quanto antes, para só então resolver aquela sensação de “ buraco” Parar de sentir pena de si mesmo é o primeiro passo para retornar ‘a vida, pois se Augusto for vítima, é de si mesmo; e sair da estagnação, se lançar, olhar no seu entorno e buscar novos amigos, e objetivos mais condizentes significa querer perder o medo do novo. Olhar para seu presente é uma experiência magnífica, pois é o que você recebe todos os dias ao despertar, um dia, de presente. Receba-o com a alegria igual a de uma criança ao ganhar um novo e esperado brinquedo. Dê sentido a esse dia. Picasso morreu com mais de noventa anos com um pincel na mão, pois dizia, era o que lhe causava paixão.E para você, leitor, qual o significado da vida? Qual o real objetivo de sua existência? (exclua a ilusão) Qual o sentido profundo que você poderá dar e que lhe fará crescer, tornando-o mais compassivo, sensível, amoroso, humanitário, responsável? C.Jung diz que o mundo em que penetramos ao nascer é brutal e cruel –e ao mesmo tempo é de uma beleza divina. É uma questão de temperamento acreditar no predomínio do que faz sentido ou do que não faz sentido. Ambos são verdadeiros, e diz ter a ansiosa esperança de que o que faz sentido prevalecerá e ganhará a batalha. Quero então chamar a sua atenção para a questão seguinte: há uma diferença entre os vários objetivos de vida que tem a ver com o “ter” e com as ilusões individuais, isto é, ter uma casa, um carro, etc;e com o OBJETIVO DA VIDA , pois este diz respeito a uma profunda reflexão da existência, e que envolve realidade e espiritualidade. E que o bom senso faça predominar o que faz sentido, para o nosso personagem e para você! Matéria publicada no jornal dia 10 de agosto de 2004

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