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DROGA, O FANTASMA DA FAMÍLIA


Sempre que se fala em adolescente, fica implícito a necessidade de se abordar as situações que dificultam ou até mesmo emperram o processo do desenvolvimento do adolescente rumo à independência e autonomia. E a droga, tanto a lícita quanto a ilícita, apresenta-se como um dos entraves desse desenvolvimento saudável, pois se infiltra sorrateira e silenciosa nas histórias dos adolescentes. Faz estragos na família inteira causando perplexidade, preocupação e angústia nos pais, que quando a percebem, é porque ela já provocou danos na vida do filho, e algumas vezes, irreversíveis. E quase sempre traz a discórdia para dentro da família, provocando brigas entre o casal por opiniões divergentes, por culparem-se mutuamente, e quanto ao rumo educacional a ser adotado daí em diante. Quando da constatação do uso de droga por um filho, a surpresa e desconhecimento geram muitas dúvidas, os pais não sabem o que fazer, e se desesperam. -“No meu tempo, eu nem sabia o que era isso...” “Mas, quem inventou essas drogas?” “Eu sempre ensinei que é perigoso, porque ele entrou nessa?”

A droga acompanhou o homem desde sempre, não é coisa nova, só que estava associada a curas e pajelanças, e aos cultos religiosos, era utilizada in natura, e sempre em ocasiões especiais. Os índios brasileiros, por exemplo, fabricavam uma espécie de destilado de mandioca mastigada, e o utilizavam nessas atividades. Os judeus usavam o vinho para os eventos importantes, tanto no antigo testamento como no novo, testemunhado no casamento onde Jesus operou um milagre transformando a água. A grande diferença é que nas épocas passadas não havia o conceito de consumo desenfreado, como agora temos, e nem a tecnologia para desenvolver produtos cada vez mais potentes e em grandes quantidades. Mas sabe-se que o Império Chinês sofreu sua queda por conta do uso desenfreado de ópium (extraído da papoula), por exemplo. O fato é que toda droga, quando ingerida, fará uma diferença no comportamento fisiológico da pessoa, alterando-o. Sabe-se que o adicto (que depende) inventará uma droga se todas as conhecidas terminarem Outra realidade é que ela sempre produzirá um amortecimento, de alguma forma, em algum segmento da pessoa, tanto físico, quanto psicológico. Por exemplo, se estou com dor de cabeça e tomo uma dipirona (novalgina), haverá um efeito amortecedor da dor e me sentirei bem. Então, por lógica, ao sentir dor de cabeça, vou querer tomar essa droga de novo. A busca é de alívio do mal estar. As drogas deveriam estar a serviço do homem, para que as usasse segundo suas necessidades, não há nada de errado em se degustar um bom vinho, ou tratar um canal de dente com anestésico, ou ainda eliminar a cefaléia com um comprimido. O problema é que o homem atual faz da droga seu bem de consumo, como tantos consumos desenfreados que o levam à doença e óbito. E por conta disso temos no tráfico das drogas ilícitas, a terceira economia mundial, só perdendo para o petróleo e para o armamento(ilícito e ligado às drogas) Você, leitor estará se perguntando, que tipo de dor levaria uma pessoa a se drogar tanto até perder a própria identidade, ou morrer, não é? Então vamos tentar entender melhor. Algumas drogas foram apresentadas socialmente e desde pequena a criança vê os pais bebendo para comemorar, sendo que muitos pais dão péssimo exemplo, bebem em exagero sem se preocupar com a presença dos filhos que estão gravando tudo; em algumas casas vemos até certa apologia à bebida, com locais especiais para os “mega bares”. Como sempre temos a “droga acompanhando o homem em ocasiões especiais”. Você tem noção leitor, da quantidade de cerveja que se consome num churrasco só para “bebemorar” a vitória do time de futebol? (Atualmente, as nossas ocasiões especiais são mais fúteis e nada divinas). Em princípio, e se for jovem ou imaturo, vai provar qualquer droga, a mais fácil de obter em seu meio, por uma simples curiosidade, porque já viu os adultos usarem, porque ouviu dizer, uma vez que a marca do jovem é a ousadia, acreditando que pode tudo. E prova para se testar, ser aceito pelo grupo, ou para infringir regras do proibido. Agora, o perigo estará na prova da droga que aplacará a dor de existência daquele jovem, aí a sensação de bem estar, de alívio, vai fazer sentido e lhe dará o desejo para que reincida nessa prova, mais e mais vezes. Pronto! É o vício se instalando, e depois dele vem a dependência daquela droga, isto é, não agüentará mais ficar sem o efeito que ela produz. Como temos diferentes dores de existência, é por isso que temos pessoas dependentes de diferentes drogas e cada um optará pela que melhor se adaptar à situação que dói. Ai como dói... Principais causadores de dor existencial: Auto estima baixa, provocando timidez, dificuldade em se colocar no grupo, sentimentos de que vale pouco, sensação de estar sempre fora do contexto, e desejo de aprovação a qualquer custo.

Baixa tolerância à frustração, não agüentando o não: não ter carro, não ter dinheiro, não ter poder de decisão, não ter sucesso escolar, esportivo, não ter a pessoa desejada, não ter...

Falta de conversa entre pais e filhos desconhecimento das emoções, pouca informação sobre os ideais e valores familiares e falta de atenção, insegurança.

Falta de perspectiva futura, pois ou precisa ser bom como o pai (e não sabe se conseguirá agüentar a pressão), ou pertence à classe dos excluído e sem chance de qualquer oportunidade de vencer. Então, a cada sentimento desses, uma dessas drogas, antigas ou novas, lícitas ou não, amortecerão o jovem trazendo-lhe a sensação de que aquele problema se foi. Mas não foi...

Ao entrar na puberdade, já se faz necessário perceber as tendências do adolescente para ajuda-lo no seu auto-controle.É necessário esclarecer que droga produz um efeito gostoso, por isso é viciante. Bebida foi feita para ser degustada, como tal deve ser usada. Drogas a ingerir, só lícitas e quando necessário, e as ilícitas, nunca em tempo algum, pelo primeiro motivo, são ilícitas, e ser adolescente não é ser um infrator. Se não estiver na lei, estará fora dela, é assim que nosso sistema social se comporta. Aqui não se privilegia o individual, mas o que é melhor para a convivência na sociedade. Podemos filosofar e acolher todas as queixas do adolescente, conversar como é em outros lugares, mas devemos ajudá-lo a perceber que há normas, e que devem ser cumpridas.Dê informação e segurança, observe se ele está com algum sintoma descrito acima e ajude-o a superar para que não busque mascará-lo. Mas quero fazer uma pergunta ao leitor adulto: -Se você sabe que arsênico mata, e você quer viver, por que cargas d’água tomaria arsênico? Pois é, cigarro comprovadamente dá câncer, não será você, fumante, um suicida em potencial e ainda não sabe disso? Você é um portador de dependência. E é descrita pela Organização Mundial da Saúde como: uma doença adquirida, progressiva e irreversível como qualquer droga.Falar de drogas dói aos pais, pois necessitam antes perceber suas dores e mudar atitudes! Matéria publicada no jornal dia 10 de julho de 2006

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