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ESTADOS DEPRESSIVOS


Num dos exemplares anteriores do nosso jornal, falamos da depressão de uma maneira mais abrangente e didática. Neste número, gostaríamos de voltar o foco para os Estado Depressivo, que pode ser confundido com a depressão. Só recordando para iniciarmos a prosa, a depressão é caracterizada por uma alteração do tom do humor na forma de tristeza profunda, que diminui a estima a si mesmo e às vezes pode dar o sentimento de auto punir-se, levando a pessoa ao desejo (ou consumação) do suicídio. Não é doença, mas é uma reação psicobiológica, onde o indivíduo se abandona. Na pessoa reina a desesperança, por isso o mundo passa a não representar mais fonte alguma de prazer ou de felicidade. Mas também nos deparamos com um estado onde a pessoa tem sintomas de alteração no tom do humor, aparentando uma forma profunda de tristeza, só que permeada por raiva intensa. Neste caso, a pessoa não se abandona, e podemos notar seus cabelos alinhados, roupas combinando, e surge um desejo: vingar-se de alguém. Ocorre que estamos passando por um período histórico onde o sofrimento comum e banal não tem espaço. Parece que só há uma informação imperativa no ar – você está obrigado a ser feliz. Ao menor sinal de frustração, nós queremos aplacar a angústia que dela advém de forma bem rápida. Sem estrutura emocional para lidarmos com nossas dores, preferimos mascará-las com drogas farmacológicas. (Você sabia que noventa por cento das drogas feitas no mundo, para emagrecer, são vendidas no Brasil?) Tem uma outra forma de mascarar a dor, buscando uma desculpa para nossos sentimentos, e no caso de hoje, deitamos no colo da depressão. Nem tudo é depressão. O estado depressivo é necessário para que nós possamos passar do prazer, do sonho, para a realidade. É quando nos damos conta de que criamos um ideal, mas que ninguém poderá nos ajudar e depende de nós a ação, e que sentimos a frustração de não termos o nosso desejo realizado. Então passamos do princípio do prazer, para o princípio da realidade, entrando num processo depressivo. Isso é nosso, faz parte de nosso sistema emocional. É necessário para que possamos reorganizar as idéias, encontrando estratégias reais para alcançarmos os objetivos, satisfazendo-nos ao obtê-los, e aí, após um curto período, relançamos novamente um outro desejo. Então veja leitor, o estado depressivo tem a função de fazer você ficar cada vez mais perto da realidade, planejando adequadamente seus objetivos. Exemplo: quer um carro, economiza alguns meses, compra o coerente com o dinheiro. E quando o alcança, então você passará para o estado de euforia por ter conseguido realizar seu intento, até que queira novamente lançar um novo desejo. Esses estados de euforia e depressão são passageiros, são flexíveis, e a depressão passará a ser patologia só se ficar instalada permanente, rígida. Agora, se a cada frustração sentida, buscamos um remédio externo, estaremos limitando o processo natural de crescimento da inteligência estratégica, e sem aprender a lidar com as frustrações não haverá espaço para a dor nem para o amadurecimento emocional. Veja bem, não estamos falando dos remédios prescritos convenientemente por seu médico, mas sim, que é no estado depressivo que podemos crescer emocionalmente, mesmo porque precisamos encarar as adversidades, e nos sentirmos cada vez mais fortes para enfrentá-las. Não se pode confundir a depressão instalada, onde o indivíduo não agüenta sair da cama permanecendo semanas assim, por exemplo, com a raiva e o desejo de chantagear um filho, e para isso simular um “surto de dor”, e colocando-se embaixo das cobertas por dois ou três dias, alegando querer morrer de tanta depressão.Ao conseguir seu intento, um ou dois dias depois disso, continua a vida normalmente como se nada tivesse acontecido. Estamos diante de um estado depressivo originado por raiva de não ter o controle sobre o outro, é uma manipulação utilizada pelos pais com certa freqüência, mas que não resolverá o problema que o gerou. Faz-se necessário encarar mais tranqüilamente, sem subterfúgios, as situações que podemos mudar, bem como as que não podemos. Além da aceitação da frustração, é uma questão de sobriedade que só alcançaremos se nos lançarmos à vida sem anestesias, sentindo-a como ela é: com suas alegrias, e suas dores.

Matéria publicada no jornal dia 10 de maio de 2007

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