top of page

O DESEJO DE RECONHECIMENTO


Um assunto interessante para refletir, é o fato de que muitas pessoas vivem desgostosas o tempo todo, alegando não terem a atenção merecida. Pessoas com família, amigos, mas que nada as contenta, não se sentem saciadas, parece que há um enorme buraco na alma, e que estão sempre exigindo que este seja preenchido, mas que ocorre justamente o contrário, cansando as pessoas entrando em atritos, recebendo o oposto do que procuram. Vamos retomar a descoberta de Spitz (psiquiatra, 1945), na qual ele percebe que todas as crianças privadas de contato físico por um longo tempo acabam enfraquecendo, e a esse enfraquecimento que pode inclusive levar ao óbito, ele denominou privação afetiva. Uma pessoa fica carente por falta de contato físico.Adultos que foram colocados em situação experimental de escuridão e silêncio e com poucos estímulos, desenvolveram uma psicose passageira. Com isso já se percebe a grande importância do contato com o outro, e por que o buscamos demais Tem um motivo no início do desenvolvimento do ser humano, depois de um período de grande intimidade com a mãe. Tudo o que a criança conhece e reconhece é através do colo da mãe, nos braços ou nas mãos da mãe. Ela sente e descobre o mundo entrando por seu corpinho frágil Uma hora isso se perde, a criança tem que se separar no processo normal de crescimento. Encontra uma sociedade com costumes e normas que se colocam entre ela e a mãe, e então lutará pelo resto da vida com a necessidade de resgate do toque e do afago, no desejo de conseguir essa intimidade de volta. Num processo de escassez de privação afetiva aprendemos contudo a obter satisfação com coisas mais simples, como um olhar a nós dirigido, um aceno ou saudação, ou qualquer coisa que nos dê a sensação de reconhecimento Para Eric Berne, o básico anseio de receber de volta esse contato físico inicial permanece, e é ele que vai tornando as pessoas cada vez mais diferentes umas das outras. Basicamente teremos uma gama de pessoas que seguem uma linha graduada: algumas pessoas necessitando de centenas de estímulos por semana, até um cientista que mesmo recebendo um estímulo por ano, pode continuar saudável do ponto de vista psicológico É quando desenvolvemos por conta disso, as relações sociais que preenchem essa necessidade, sejam elas como forem. Em seu trabalho, S. Levine (cientista 1960), demonstrou que há alteração favorável no desenvolvimento físico e até na química cerebral, mediante o contato físico. E que não importa a qualidade de estímulo, pois os dolorosos foram igualmente eficientes para manter a saúde dos que estavam participando da experiência. O que faz mal mesmo é a falta total de qualquer tipo de estímulo. É por isso que o ser humano desenvolveu programações sociais, com ensinamentos de boas maneiras, no intuito de darmos e recebermos diplomaticamente os estímulos que reduziriam a privação afetiva. Mas isso é pouco, e o ser humano desenvolveu então o que Eric Berne denomina passatempo, e seus jogos, que não necessariamente são divertidos. Será que nessa altura da leitura, você conseguiria identificar como é o jogo do personagem do exemplo? Você percebe algum jogo na sua relação com uma pessoa próxima? Na próxima edição, falaremos sobre esses jogos, muitas vezes ótimos, mas outras, perigosos e destruidores. Matéria publicada no jornal dia 10 de fevereiro de 2007

Recent Posts
Archive
Search By Tags
bottom of page