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SUA DOENÇA E VOCÊ - PSICOSSOMÁTICA


Poderíamos dizer que curar é realmente uma arte, e foi-se desenvolvendo através dos tempos como tal, visto expressar a especialidade e o conhecimento do artista. E todo artista anseia realizar seu trabalho da melhor forma. A doença sempre despertou muito interesse da ciência, e temos hoje um avanço tecnológico a acompanhando, fenomenal. No contexto primitivo, quando era exercida pelos magos, ou xamãs com suas pajelanças, o doente tinha de fazer um esforço enorme para também se livrar da doença, revendo sinceramente suas atitudes. Só assim mereceria a oração do xamã, as ervas fariam efeito, e ele recuperaria a saúde.O que diriam hoje os “xamãs” com suas técnicas vitalísticas, na presença de doentes sem compromisso com a própria cura? E dos vários recursos de equipamentos que, por exemplo, mapeiam o cérebro em funcionamento para decodificar quais são as áreas específicas da fala, da felicidade, do paladar ou outra qualquer? Bem, eu acho que nossos avós também se surpreenderiam, não é? Acontece que ao longo dos últimos séculos, os crescentes avanços da ciência para compreender o mundo material levaram a muitas descobertas nessas áreas.Os benefícios da cura eram cada vez mais aceitos. Sabemos que essas intervenções tinham um efeito, de fora para dentro, ao contrário do então praticado, mas que curavam bem mais. Porém, mesmo assim, a cura deixava a desejar, nem sempre ela acontecia, mesmo com todas as condições propícias para isso. Foi só recentemente, na metade do século passado, que começou a surgir também, em paralelo à biologia, química e tecnologia, o desenvolvimento da preocupação com as origens das doenças. Aquilo que faz o corpo adoecer. Nesse momento a participação das questões emocionais se revelou importante e proporcionou um diferencial na visão filosófica da doença, considerando-a mais abrangente. Se pensarmos que se cada acontecimento da vida humana trás consigo - uma verdade adicional, - “a doença também está trazendo uma verdade”. E se essa verdade for reconhecida e compreendida, poderá ser aplicada na próxima fase da vida. O mesmo se acontece com verdade da doença. Esses acontecimentos vão transmitir a forma de relacionamento dessa pessoa com o seu entorno: - outras pessoas, atividades profissionais, afinidades culturais, experiências religiosas, e condições do corpo. Isso tudo faz parte de viver, sendo que a enfermidade advém dessas nossas experiências externas com o mundo e com o acúmulo de tensão que isso provoca. O princípio parece ser o de que se a doença é causada primordialmente por fatores externos, o modo de conduzir a vida, anterior à doença, o provocou. E que essa doença ocasiona oportunidade de uma compreensão adicional, uma sabedoria de vida, desde que se consiga entender porque estamos enfermados. Provavelmente o jeito dessa condução da vida propiciou esse grande acúmulo de emoções tensas e retidas que querem se reorganizar. Podemos dizer que além das necessidades para as quais as profissões médicas desenvolveram tratamento, existem outras necessidades humanas, que também buscam ajuda num contexto de cura. E que eram levadas em consideração pelos primitivos, nas suas curas vitalísticas e estiveram abandonadas por um período. Mas que estamos retomando agora com outra compreensão. Quando ficamos doentes podemos afirmar que com certeza queremos nos livrar da doença o mais rápido possível, seja a doença de ordem física ou emocional, não é? Não queremos ter perturbações, e sofremos por conta de um grande medo:- encarar a dor e a possibilidade da morte. A cura torna-se fundamental nesse momento, e temos muita pressa. Compramos para isso os melhores medicamentos, os mais potentes e modernos. Mas, observamos, contudo que se a cura ocorre muito rapidamente, e é alcançada de forma eficaz por meio de ajuda externa, nada de novo será aprendido. E aquele mesmo modo anterior de conduzir a vida pode ser retomado sem alteração. Com isso, nenhuma compreensão adicional, nenhuma mensagem terá sido absorvida pelo doente.Foi uma dor sentida em vão, porque não houve reflexão, entendimento, não surgiu uma nova consciência e nenhuma mudança de comportamento ocorreu. Então, fatalmente continuaremos tendo um doente que não se livrou da doença e vai fazer outras. Não quero com isso dizer que as curas devem ser lentas, de forma alguma, mas sim enfatizar a responsabilidade do doente sobre a sua cura. Da forma como tudo se processa, o único responsável pela cura é o médico, bem como suas prescrições farmacológicas, isentando o doente da sua parcela de responsabilidade por ter adoecido, e por agora precisar lutar para facilitar a sua cura. E quando a cura não acontece, também só existe um responsável, o ”médico que não acertou”.... Existe um processo interior pessoal, e uma doença mesmo quando já curada, necessita ser absorvida por nossos pensamentos nos conscientizando. Nós devemos permitir que ela nos informe sobre sua razão para entender o porquê dela. Quando fizermos isso, talvez essa doença não mais seja necessária, e estará então pronta para nos deixar, assim como nós estaremos prontos para deixar a doença ir. Agora sim, a doença fez um sentido, e funcionou como um elemento construtivo. Devemos pensar sobre o que a provocou, precisamos entender, reorganizar nossas emoções e lutar para que nossas atitudes sejam outras, ajudando assim o efeito dos remédios e não oferecendo resistência à cura. É necessário ter uma outra resposta emocional. Trata-se de verdadeira prevenção. Isso é a garantia de uma vida mais saudável! Matéria publicada no jornal dia 10 de agosto de 2006

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