RELACIONAMENTO AFETIVO - DO JEITO QUE VOCÊ ME FALA - PARTE II
No exemplar anterior enfatizamos algumas formas de falar que não funcionam quando o assunto é comunicação, mas dissemos também que você sabe como gosta de ser tratado, lembra? As técnicas de atendimento ao cliente e de vendas são simples. Se quisermos transmitir ao outro uma idéia, devemos saber vende-la da melhor forma possível. Para isso deve haver lógica no que se fala, coerência de pensamentos, amadurecimento do comunicador e boas intenções, isto é, transmitir algo em que você acredite e use para si. Essas técnicas de venda são usadas para clientes, porém, o mesmo vendedor não as utiliza em casa com esposa e filhos. Você sabe como cliente como quer que lhe fale, mas acredita que com a família pode “soltar seus cachorros”. Com isso você não será um comunicador, mas sim, um gerador de conflitos. Segundo David Servan-Schreiber, em seu livro Curar, as formas geradoras de conflito estariam assim divididas:
Crítica o tempo todo desaprovando o outro sem dizer o motivo da queixa;
Desprezo e sarcasmo nas respostas, criam situações que magoam muito;
Contra ataques, onde a linguagem é luta e fuga, sem alternativa de compreensão e entendimento;
E os apedrejamentos, especialidade masculina que já prenuncia uma extinção do relacionamento.
Mas, além de querer sentir o prazer de vencer na discussão, você faz idéia de como gostaria de ser tratado em casa?
Um dos mestres em comunicação emocional, o psicólogo Marshall Rosenberg no livro Nonviolent Communication, diz que o primeiro princípio da comunicação não violenta é substituir o julgamento e a crítica, por uma observação objetiva dos fatos. A grande sacada é NÃO JULGAR, pois só assim você não ataca Exemplo: “Você nunca pensa em mim, só em si mesmo”, é uma frase de julgamento, onde dou a minha opinião sobre o outro, no caso, chamo-o de egocêntrico. Como temos mecanismos de defesa que agem e reagem a nosso favor, quem ouve, ataca para se defender. E como vai atacar? Julgando também, claro, e se possível, se foi chamado de egocêntrico, vai procurar um julgamento onde a ofensa seja maior. Com isso só falamos o que nos arrependemos depois, vem a tradicional desculpe-me eu não quis..., mas ficou um ranço no ar. Quanto mais objetivos somos, não alienamos o ouvinte, e despertamos nele o respeito por nós. Para isso devemos concentrar a conversa naquilo que estamos sentindo, pois se falo o que sinto ninguém pode discutir comigo. Por exemplo, posso dizer o quanto me sinto só e triste, quando ele esquece o nosso aniversário de casamento. Comece as frases com Eu ao invés de você, e limite-se ao acontecido, não “desenterre” as brigas do passado. A isso damos o nome de comunicação verbal não violenta. Lembre-se, você quer discutir e ganhar o quê? Numa briga de casais não há vencedores, ambos perdem, seja inteligente, saiba falar com jeito. Matéria publicada no jornal dia 10 de novembro de 2005