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EDUCAÇÃO - ESCOLA PARA PAIS?

“Nada mais necessário que uma escola de pais e uma escola de casamento onde se treinasse, se tentasse e se aprendesse a ser pai e mãe, marido e mulher. José Ângelo Gaiarsa

Caro leitor, neste mês vamos pensar um pouco mais profundamente sobre o exercício da paternidade/maternidade em especial, pois embora faça parte do que há de mais comum entre os povos de todos os tempos, é uma tarefa grandiosa e bem difícil. É de domínio público a idéia pré concebida daquela mãe maravilhosa que foi até explorada e exibida numa propaganda de margarina há tempos atrás na televisão, lembra? O leite derramava, a criança chorava, o cachorro fazia estragos, o pai lia jornal em cima da mesa derrubando o café, zona instaurada e a mãe com um paninho e um “baita sorriso nos lábios,” a todos atendia e tudo limpava. E do seriado americano dos anos sessenta, Papai sabe tudo? Parece que existe uma crença de que bastou nascer o bebê, já estamos diante da melhor mãe e do melhor pai do mundo. Como se as boas intenções fossem quesitos suficientes para acertarmos todas as nossas atitudes. Se assim fosse, não necessitaríamos formação acadêmica nas diversas áreas,só as boas intenções nos guiariam. E não teríamos uma demanda grande como temos de pessoas que sofrem de distúrbio das relações primárias, isto é, uma desarmonia na relação entre mãe e filho que se inicia desde a gravidez. Entendendo um pouco melhor, muitas mães demoram em aceitar a gravidez, e mesmo as mães a que aceitam de pronto, já com o bebê recém nascido no colo,não o”adotam verdadeiramente”. Varias são as causas, e vamos elencar algumas delas: Não sabem o que fazer com ele; Por medo de ter um ser tão frágil sob sua total responsabilidade; Por querer permanecer filha, e não mãe; Por não se parece com ela, mãe, e não consegue se reconhecer naquela fisionomia da “carinha amassada”; Depressão pós parto, e outros fatores. Enfim, não bastar ter, é necessário adotar após ter. Quando esse processo fica demorado, a criança sofre e sente o abandono, o desamparo, isto porque o mundo para a criança é a mãe. Mas, quem é a mãe(pai)? Normalmente uma pessoa com pendências da criação de infância, como por exemplo: sua saúde e doença, suas emoções controladas e as descontroladas, seus sentimentos e pensamentos conflitantes, os ensinamentos característicos da sua origem, sua sexualidade permitida e a ocultada. Como essa mãe poderia transmitir ao filho segurança e confiança no mundo e na sua recém iniciada vida, se ela própria não tem relação boa e confiável com a sua própria natureza? Se lembrarmos que a criança aprende por imitação, podemos fazer uma ponte entre o que ela vê e imita dos pais desde os três ou quaro anos, e o que ela será mais tarde. O que gostaria de enfatizar é que são todos processos inconscientes, e por isso nem sempre direcionamos os filhos para os caminhos que desejamos. E podemos ver que só as boas intenções não bastam, pois apesar de considerarmos algo normal criação de filhos, nós não sabemos fazer. Se não acharmos necessário aprender, estamos redondamente enganados. É porque com o tempo nós vamos evoluindo nas nossas questões e pendências internas, que vamos concomitantemente evoluindo na criação dos filhos,pois estaremos pessoas cada vez mais bem resolvidas e seremos melhores por isso. Mas o que foi feito, feito está, já foi imitado. O que consola é que depois de longos “anos de estrada da vida”, as mães poderão ao progredir internamente, alcançar sabedoria, equilíbrio e afeição. Mas sabemos que isso não acontecerá logo nos primeiros anos, não é? Então, como ainda não temos uma escola específica para pais, leia, e se interesse por artigos que falam dos filhos nas diversas etapas do desenvolvimento, não fique só no que se refere ao bebê, ele cresce rápido. Faça esforço para rever suas questões internas, se necessário, busque ajuda para apressar o processo. A melhor postura é a humanidade – não se coloque como se já soubesse de tudo – será pior. Existe toda uma sociedade esperando o melhor de você desde o dia em que saiu com o nenê da maternidade, e você sabe disso, mas o mais importante é o que está em seus braços, acolha-o bem! Matéria publicada no jornal dia 10 de setembro de 2007

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