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ATÉ QUANDO CONSEGUIREI APRENDER?


Chá da tarde, amigas de meia idade, um bolo de milho bem saboroso e uma exclamação. -“ Hum! Que delícia de bolo”! A afirmativa parte de uma senhora com aproximadamente 50 anos, e provoca um comentário por parte da boleira. -“Que bom que gostou! Posso lhe dar a receita, é fácil para fazer.

A outra diz: -Óh querida, nessa altura da minha vida já não quero aprender mais nada, He He He”

Lembrei então que algumas pessoas se consideram velhas para muitas coisas, e que nem sempre corresponde ao que vemos sobre elas. A senhora que não quer mais aprender é jovem ainda, e me lembrei que Roberto Marinho (jornalista e fundador da Rede Globo) tinha dez anos a mais que essa senhora quando iniciou o complexo que hoje é a Rede Globo e houve tempo para ele observar o fruto do seu plantio, pois viveu até após os noventa anos. A partir dessa cena, fiquei pensando até quando conseguirei aprender. Concluo que o mundo precisaria parar, para que eu parasse de aprender. Porque é um mundo onde tudo é dinâmico, nada é estático, nada é definitivo. E nós também nada temos de definitivo. Então nunca diga que seu comportamento é inadequado porque você nasceu assim, ou é grosseiro porque você é assim. Nossa aparência, nossos pensamentos, nossa capacidade para compreender, mudam a cada minuto. Vivemos uma eterna transformação, desde o princípio da concepção até o último suspiro da vida somos mutantes. Nós os mutantes, desejamos estímulos novos o tempo todo. A partir do nosso crescimento físico e da nossa estruturação, a vida emocional diferencia-se nas realidades afetivas e desenvolvemos nossa potencialidade intelectual de maneira tão grandiosa que ultrapassamos sempre aquilo que nossa espécie fez até então, e marcamos os nossos diferenciais na história, através da nossa geração. Isso faz ao mesmo tempo em cada um de nós um universo grandioso e distinto. Porque apreendemos muito é que somos mutantes e porque passamos ao mundo nosso conhecimento apreendido somos transformadores, o que nos dá uma totalidade, corpo sentimento raciocínio e espiritualidade. E tudo ao mesmo tempo. Nunca estamos contentes, nada nos preenche, nada nos satisfaz plenamente, a não ser por breves minutos. Pois queremos completar com mais informação, aquilo que já sabemos, já entendemos, já sentimos ou já temos. Parece que viver uma existência plena acaba sendo o buscar sempre, para atender a esse apelo de completar o que falta em todas as áreas e etapas do desenvolvimento, algo definido talvez como curiosidade inesgotável. Desejo de aprofundar o sentimento despertado pelo viver. Com isso criamos um universo em cada um de nós, são singulares porque as buscas com seus aprendizados correspondentes vão formando o diferencial. Uma propaganda de TV diz que o que move o mundo não são as respostas que encontramos, mas são as perguntas que fazemos. Sem elas, não haveria respostas e nem novas perguntas. Bem, agora já posso responder minha pergunta. Eu acabo de me perguntar até quando conseguirei aprender, e buscarei curiosamente uma das muitas respostas. Busquei a resposta com este texto e então fazer uma outra pergunta a partir dele. Estou e sou assim tão inserida no ímpeto de aprender que acredito neste momento, nunca consegui parar meu desejo em conhecer e apreender. Isso ocorrerá com a parada completa do meu sistema todo. Para mim, já consegui uma resposta. Mas, porque aquela senhora disse que não deseja aprender mais nada? Não seria ela desejante? Algumas pessoas se aposentam na vida, outras se aposentam da vida. Em verdade estão tentando parar no tempo por uma escolha qualquer e mal pensada. Mas o que não sabem é que na Terra temos apenas dois movimentos – para frente e para trás. Estagnação não é movimento, não dá para optar porque é apodrecimento. A pessoa que quer parar, em verdade, retrocede, e o que retrocede, perece. Viver é avanço. Avançar implica em se apropriar do novo, nunca antes percebido. A pessoa do exemplo fez a escolha de retroceder, mas você pode fazer uma outra escolha.Ao avançar, você será acolhido pelo mundo e enriquece. Viver essa plenitude significa aceitar-se mutante.


Matéria publicada no jornal dia 10 de outubro de 2009

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