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QUAL A COR DOS SEUS ÓCULOS?



“O MUNDO É AQUILO QUE IMAGINAMOS” C.G. Jung É interessante quando percebemos que as pessoas reagem ao mesmo estímulo de maneiras tão diferentes. E que cada pessoa tem uma visão própria e peculiar sobre os fatos e o mundo que nos cerca. (Vide a quantidade de torcedores “técnicos” de futebol, existentes no País) Essa constatação gera uma inquietação – Como apreendemos o mundo que nos cerca? Uma simples resposta aparentemente. “O mundo penetra em nós graças aos órgãos dos sentidos, é claro. De início através das sensações táteis, auditivas, mais as sensações gustativas, visuais e olfativas. O órgão capta o estímulo e o cérebro o decodifica. Apos, o cérebro emite uma resposta, devolvendo a informação elaborada, mas fica vinculada a emoção, porque os estímulos são na maioria das vezes, dotados de emoção. E assim é por nós percebido’”. Essa emoção pode ter acontecido naquele momento ou anteriormente. Por exemplo, o bebe ouve uma discussão entre seus pais, e a mãe, nervosa, o levanta do berço abruptamente produzindo nele enorme sentimento de medo ou insegurança. Pode ser que quando adulto essa pessoa não consiga participar de uma discussão, porque esse estímulo auditivo provoca sentimento de medo ou insegurança. Bem, esse é um exemplo simples de como o mundo vai chegando à nossa compreensão, tudo o que nos cerca unido a inúmeros sentimentos gerados naquele momento. Alem disso, temos as nossas predisposições inatas para determinados comportamentos e sentimentos. No mesmo exemplo, duas crianças submetidas A essa situação de resgate abrupto do berço, uma delas pode sentir mais medo do que a outra. Isso porque nada em nós é tão idêntico, embora sejamos similares no aparelho psíquico e também no físico. Posso dizer que a vista cansada por alguns “anos idos”, tem uma decodificação diferente da vista de uma criança ou de um jovem. Enxergará as cores mais queimadas. Mas ainda os jovens entre si enxergam diferentemente, pois o aparelho ocular pode ter alguma alteração, sem importância ou significativa. No paladar tem gente que adora pimenta, outros amam os limões, e outros não dispensam os doces. Começamos a delinear uma constelação, um complexo só na apreensão e decodificação dos estímulos externos.Então vamos falar um pouco dessa emoção que acompanha o fato apreendido. Nós temos fortes influências de” pensar a forma do mundo externo” dentro da família, o que gerará, princípios, defesas e estratégias para encarar as situações. Um pequeno exemplo é a mãe ansiosa que não agüenta o choro do bebê e o alimenta imediatamente após o primeiro bhuá. Ela está ensinando ao filho que no mundo interno dele não há esperas, tudo se resolve imediatamente, inclusive na ansiedade dela, não respeitará o tempo dele, bebe, criancinha, menino, adolescente, apressando-o e atropelando-o constantemente todas as etapas do seu desenvolvimento, criando um adulto ansioso. Quando adulto, ansioso por não dar conta, não corresponder ao que dele é exigido, terá um agravante: o mundo não lhe fornecerá respostas tão rápidas como seu mundo interno pressupõe, então sofrerá duplamente de ansiedade, se pudéssemos quantificar. Além da família, temos o contexto social, pois é de fundamental importância o que é que os outros vão dizer?. Para que não digam, adquirimos conceitos do coletivo, por exemplo, O Jornal Nacional anuncia que aí vem a crise. E num uníssono todos repetirão que – “a coisa” vai ficar preta! E só se fala na coisa preta. Aprendemos a dar importância ao entorno e seus sentimentos, mesmo os sentimentos preconceituosos ou retrógrados, não queremos ficar de fora, pois existe em nós a necessidade de aprovação pelo grupo. Não acabou, ainda temos maiores diferenças a compor essa história. C, Gustav Jung dizia que: ”Só uma pessoa infantil julgaria que o mundo é realmente aquilo que ele pensa. A imagem do mundo é uma projeção do mundo do self, assim como este é uma introjeção do mundo”. Trocando melhor em miúdos, ele quer dizer que a realidade não é exatamente igual ao que pensamos sobre ela, mas tem a ver com o que aprendemos a pensar sobre ela. E há pessoas que a estão distorcendo, de acordo com os óculos que aprenderam a colocar para entender o contexto. Você pode ter uns óculos bem escuros, e verá sempre a realidade descolorida e péssima. Poderá colocar óculos cinza, e verá depressivamente todo o contexto. Pode também usá-lo na cor de rosa e achar que o mundo é maravilhoso, otimismo demais. Pode maximizar ou diminuir uma cena . Assim, herdamos os óculos das mais variadas cores, formas e focos. Com eles vemos o mundo e o decodificamos diferentemente uns dos outros. E para vermos exatamente como é a realidade, faz-se necessário retirá-los e colocar óculos transparentes do mais fino cristal e completamente livres de impurezas. O que nos fará chegar quiçá próximos à realidade (dificilmente na real realidade, embora ela exista), mas esse entendimento da realidade significa trocar os óculos. Isso requer muito trabalho interno, pois os óculos herdados estão COLADOS no rosto, e retirá-los não é tarefa fácil, mas também não é impossível. Agora, para ser feliz, isso se faz necessário. Então, discuta com quem você convive diariamente aí em casa e identifiquem seus óculos. Ponha o pé nessa estrada, demora, mas você chega lá. Mude a cor e o foco!


Matéria publicada no jornal dia 10 de setembro de 2009

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