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DEPENDÊNCIA QUÍMICA É DOENÇA OU CINISMO?


Doença ou safadeza?

Leitor amigo, você está percebendo através dos noticiários, como os casos de dependência química e do álcool estão aumentando a cada ano ? Faz-se pertinente uma reflexão sobre esse assunto, uma vez que sabemos da existência das equipes policiais organizadas para combater especificamente o tráfico. O que acontece que não extermina e ao contrário, aumenta vertiginosamente o consumo? Sabemos por lógica que as políticas públicas de prevenção ou repressão sobre as drogas até agora não obtiveram sucesso. Foi colocado como centro de combate, alvo a ser atingido - as drogas e os traficantes - mas parece que o alvo principal a acertar não são eles. A impressão que se tem é que a questão está reduzida a exterminar o exterminável, porque isso acaba produzindo apenas um efeito social, uma abordagem “policialesca sensacionalista e moralista”. A gente pode perceber que no mundo todo há muita “oferta” desses produtos, pois dos mais variados países, das mais variadas espécies, saem as refinadas, antigas e novas drogas. Dá a impressão que cultivar, preparar e comercializar as drogas em geral, é tarefa simples. Eu estive recentemente em Pirassununga e não queria acreditar que naquela indústria as pessoas produzissem cachaça, pois mais se parece a um campo de armazenamento petroleiro em plena atividade abundante e próspera. (Vamos lembrar que o álcool produz mais de 60% dos acidentes de carro e é responsável pela maioria dos divórcios, dos acidentes de trabalho e que também mata de várias maneiras). Se alguém produz é porque alguém compra. Se produzir está simples, a complexidade está em quem usa. Estamos falando das motivações, conflitos, desafios e sofrimentos do ser humano. É interessante notar que qualquer tóxico desperta a criança que há dentro de cada adulto. E nós utilizamos socialmente esse recurso principalmente com o álcool, quando nos encontramos em grupos (cerveja acompanha um churrasco, pró-seco o brinde no casamento, a maconha o encontro de estudantes). Queremos alegria, descontração e bem estar. Estamos muito tensos e preocupados para nos soltarmos naturalmente. Porém, se despertarmos a criança dentro de nós dessa forma, isto é, pela boca, deveremos lembrar que vamos ressaltar a zona do prazer infantil que é a oralidade, a zona erógena labial (quando gostávamos de mamar e tudo era levado à boca). A partir desse processo podemos perceber o desencadear de fumar e beber excessivamente. Qualquer droga leva a euforia – que para a ciência da psiquiatria tal alegria desmedida é considerada maníaca – e para o usuário é tudo o que quer sentir e quer o tempo todo. Portanto deve ser primeiramente tratado como mania, lembrando que seus aspectos fundamentais são – a intolerância à espera na satisfação do desejo (lembra como o bebe chora porque quer mamar) - e a importância da fixação e da regressão junto da avidez oral. O psiquiatra Kielholz considerou a toxicomania uma neurose narcísica relacionada à psicose maníaca depressiva, atualmente conhecida como bipolaridade, onde o indivíduo tem picos fortes de euforia intercalados com picos de mesma intensidade de depressão. Seguindo uma teoria de C.G.Jung (psiquiatra), onde vivemos arquétipos durante a nossa vida, como se herdássemos alguns caminhos já percorridos anteriormente pela humanidade, chegou-se a conclusão que, sobre o uso compulsivo não temos um arquétipo, uma vez que todo arquétipo segue uma ordem e uma história. Portanto, é titânico, sem lei, sem ordem e sem limites. Acho que agora leitor, você já deduz que estamos falando de uma doença forte e agressiva. E que o alvo a acertar não é a indústria da droga e seu tráfico, mas é o indivíduo que a usa. Para essa população é que devemos voltar a nossa atenção. Sabemos que aproximadamente, a cada cem pessoas que provam algumas substâncias tóxicas, trinta dessas pessoas ficarão retidas no prazer que foi proporcionado e adoecerão violentamente. Então fazemos aqui a pergunta difícil de calar - Quais os reais sentimentos que fazem um indivíduo acabar adquirindo esse mal? É isso que devemos combater. Você pode perguntar para sua família, amigos, ir formando uma hipótese a respeito, e o nosso papo vai continuar na próxima. Até

Matéria publicada no jornal dia 10 de maio de 2010

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