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LIMITE PARA O ADOLESCENTE


ADOLESCENTE

Sábado, passa da meia-noite. O porteiro, seu Juca, percebe movimento na garagem do prédio e um carro avança em direção ao portão. Seu Juca reconhece o carro, mas o motorista é o Maneco, de 16 anos. O portão se abre, e lá vai Maneco: - Meus pais não confiam em mim, pensam que eu vou sair por aí e amassar todo o carro da mamãe! Então eles vão ver. Vou zoar a noite toda, beber todas e depois devolvo o carro direitinho na garagem. -“Quando eles voltarem do sítio não vão perceber. Para não dar bandeira,vou guardar a cópia que fiz da chave do carro na casa do Paulinho.” " Quatro horas da manhã e chega Maneco, dá luz alta, e seu Juca abre o portão. Trocam um olhar e Maneco apela: . – Seu Juca, se falar para o meu pai que me viu, já sabe, né? Seu Juca nada responde, mas alerta os pais. . - Você não ficará mais em casa, quando viajarmos, irá conosco. - Não vou, aquele sítio é um tédio! - Aqui, neste apartamento, você não fica. - Tá limpo, eu fico no prédio,no apartamento de algum amigo, sei lá! A família viaja e Maneco perambula pelo prédio, dorme no salão de festas, almoça no apartamento do Paulinho. De repente ... (Maquinação) ... Primeiro andar ... - Beleza, eu consigo arrombar a janela da cozinha, eu sei onde está a chave, e vou fazer uma chave reserva para mim. Ao voltar da rua já com a chave reserva da cozinha de sua casa, encontra seu Juca, que se prepara para mais uma noite de trabalho. - E aí seu Juca? Seu Juca acena e pensa:- “Lá vem problema" Esta é uma cena do cotidiano de tantos Manecos, Paulinhos e Marias e seus pais. Fica evidente nesse fato a dificuldade que os pais estão encontrando em estabelecer um limite entre teimosia e insubordinação, e autonomia e independência. Parece que as bruscas mudanças dos dias atuais, unidas aos tantos argumentos em favor de “causa própria” dos filhos enfraqueceram as crenças e ideais desses pais. Então acabam, muitas vezes, optando por aquilo que o programa de TV sugere, ou aquilo que o vizinho permite o filho fazer, ou aquilo que eles pais não fizeram, ou que os outros não criticarão. É como se os pais não acreditassem mais nos antigos valores, e não conseguissem ainda absorver os novos e isso ainda se junta com a grande dificuldade que encontram em dizer “não” ao filho. Dizem sim pela grande culpa que sentem, pois sabem que estão dando pouca atenção ao filho por questões pessoais e profissionais (como tantos pais). Então, sempre que uma criança ou adolescente sentir fraqueza nos valores, falta de limite, descrença ou supervalorização em seu potencial, sentir-se-á inseguro e reagirá de forma estranha, contestadora e desafiadora. O adolescente se confunde e confunde os pais, sente-se manipulada. e manipula, mente e faz chantagem, infringindo as fracas regras. Cria-se assim um circulo vicioso de discussões e desentendimentos, gerando mentiras, mágoas , enfraquecendo os laços familiares, justamente numa época onde estes laços são tão necessários para o filho suportar a angústia característica dessa fase do desenvolvimento emocional, deixando a porta aberta para as insanidades do mundo (droga, violência entre outros). Dar o limite certo na hora certa implica perceber o amadurecimento das aptidões da criança e seu grau de responsabilidade, bem como seus pontos mais fracos, suas dificuldades, e seu grau de interesse para vencê-los. Mas para que os pais consigam perceber estas condutas, eles devem investir em si mesmos primeiramente, estudando o assunto, lendo e participando de cursos, palestras sobre o assunto; e em seu próprio autoconhecimento, resgatando seus próprios valores éticos e morais, que poderão ser compostos por valores antigos e bons, e ainda valores novos e bons. Além disso, faz-se fundamental resgatar (instalar) a cooperação. E através dela que a criança aprenderá a participar, entender-se a si mesma e dialogar com a família, e o que é mais importante: estabelecerá o seu lugar nessa família, e o lugar das demais pessoas (respeitando pai e mãe). E o prazer de cooperar para depois operar, isto é, fazer sozinho. Dentro desta proposta cada família deve então formar seu código particular para cumprir a ética e a moral vigentes na sua sociedade, de acordo com valores, crenças e ideais que tenham a ver com essa família, única e inigualável. É com determinação que os pais convencerão os filhos a cooperar, e quando um "não" se fizer presente entre pais e filho será o bom senso que determinará e norteará o entendimento, baseado nesse código particular. Ensinar limites para um filho é tarefa árdua, mas ajudá-lo a suplantar suas próprias limitações requer dedicação, inteligência e sensatez. E o que aconteceu no episódio do Maneco? Junte sua família e discuta sobre o assunto, levando em consideração seu código de ética particular. Analise o episódio e crie você mesmo uma solução para esse problema .

matéria publicada na revista Living News em dezembro de 2001


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