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VOCÊ É PORTADOR DE NOMOFOBIA?


Quem diria que nós brasileiros iríamos aderir tanto ao celular! Incrível, mas a febre é nacional, são mais de 250 milhões deles (maior que a população), e não importa a idade, o celular “está à mão”. È interessante notar que muitas pessoas o carregam na mão mesmo, só para atender mais prontamente se acaso tocar. Há um tempo atrás as escolas precisaram baixar uma portaria, os professores estavam com dificuldade para dar aula, tanto “conversè” dos alunos nos celulares. No cinema, conferências, alertam para desligá-lo. No batizado da minha netinha, numa igreja em Barretos (S.P.), o padre dirigiu-se aos fiéis por um período razoavelmente longo para pedir que desligassem seus celulares, pois além de atrapalhar, os toques estavam impressionantes, relinchar de cavalo, gritaria de criança, xingamentos, businas etc. Num exemplar anterior do nosso jornal de número 35 (setembro de 2005) havíamos abordado o então exagero do uso do celular, principalmente referindo-nos às crianças, que não necessitavam de comunicação num lugar de irrestrita confiança dos pais,a escola, e num momento onde as relações ainda não são tão desejadas por elas, o brincar é interagir, ainda não é conversar. E dizíamos também que os pais monitoravam a vida dos filhos adolescentes através do celular, só que isso é uma falsa idéia, o filho pode mentir ou desligar. Cinco anos depois já virou uma epidemia, mas o próprio indivíduo quer se contaminar nela, então deve ter ganhos, provavelmente por conta de trazer facilidades para o dia a dia no convívio familiar e social. Isso despertou o interesse do psicólogo Cristiano Nabuco, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, que forneceu uma entrevista ao Jornal Nosso Bairro da Lapa (29 de maio 2010). Em suas pesquisas, descobre que muita gente deixa o celular ligado 24 horas por dia e que quando vão ao banheiro levam o aparelho. Parece que a população está cada vez mais dependente dele. Nas palavras do psicólogo, essa é uma das novas conexões com o mundo, e as pessoas que desenvolvem dependência dele são chamadas de nomofóbicos, isto é, medo de estar sem comunicação. A síndrome causa pânico, ansiedade impotência, angústia, quando a pessoa se vê impossibilitada de se comunicar por estar sem o aparelho. Segundo Nabuco, já atinge vinte por cento da população, e ele alerta para os sintomas mais freqüentes, que são; - abandonar tudo o que está fazendo para atender o celular. - nunca deixar o aparelho sem bateria. - não carregar o celular na bolsa ou similar, para atender mais prontamente. - não o esquece em casa e se isso acontece, volta para buscar. - sente-se mal quando a bateria acaba. - sente-se mal quando pensa que pode perder o aparelho, se perder então...

Outra situação percebida é que as pessoas estão cada vez mais entrando em contato com a tecnologia, e que essa relação também existe com o computador e outros aparelhos eletrônicos. Acredito que essa matéria é de utilidade para todos os que gostam de ficar atualizados sobre as novas doenças existentes, pois tudo o que de início se descobre, mais fácil é de se curar, ou de nem adquirir. Faço aqui um parêntese para linkar esse artigo, no artigo do mês passado, onde falávamos de depender, não importa do que. E que o dependente tem a tendência de procurar algo para fazer daquilo a sua droga de escolha. Pois é, estamos falando de mais uma das possíveis escolhas que neurotizam as pessoas. É bastante pertinente o conselho fornecido pelo psicólogo Nabuco, quando diz que não dá para tirar totalmente o celular da vida de alguém, o importante é usar o bom senso para não se viciar. Quero terminar esta matéria da mesma forma que terminei há cinco anos atrás, quando citei Kierkgaard, no ano de 1840 dizendo que “O homem seria mais bem realizado na medida em que aprendesse a livrar-se a si mesmo da tirania do ambiente”.

matéria publicada no jornal dia 10 de julho de 2010


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