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RELACIONAMENTO - O CIÚME É MANIFESTAÇÃO DE AMOR?


O ciúme é manifestação de amor?

Ao adquirir algo que se quer muito, sente-se um grande prazer por que um desejo foi satisfeito. Imagine só se esse algo é uma pessoa recém conhecida, que além disso, vai protagonizar uma interação e uma vinculação afetiva. Para usufruir tamanha benesse, faz-se necessário que se esteja centrado, inteiro. Quero com isso dizer que situações pessoais mal resolvidas interferem nesse processo de interação. O básico é que todos temos a necessidade de nos sentirmos importantes para alguém. João encontrou Gabriela, porém não consegue conviver harmoniosamente por conta do ciúmes que sente. Parece que tem a crença de que ela o deixará a qualquer momento por um outro, qualquer um é melhor do que ele. Com isso ofende inclusive a moral de Gabriela, que nada fez a não ser cumprimentar um colega. João tem como se fosse um "carrapato” grudado nas suas emoções e está chupando a sua autoestima, tornando-o inseguro. Por que? Bem, por vários motivos: sente-se mais feio, mais gordo, baixo, alto, magro, narigudo, sem cintura, velho, novo, etc. Ninguém está satisfeito, e todos querem atingir o grau da perfeição, do ideal ditado pela moda da época. Pode sentir-se menos inteligente, achar que seu cargo empregatício é inferior. Para piorar vamos acrescentar o sentimento de rejeição de infância, por não ter sido o (ou a) filho predileto da mãe (pai), não ter obtido o sucesso ou não atingiu as expectativas que a família depositava sobre seu desempenho na vida. Você pode observar que com tantos itens, aqui inumeráveis, alguma coisa sobra para a gente ter, para se considerar menos que os demais. (Aliás, o brasileiro em geral tem autoestima baixa até como nacionalidade, pois é comum observar que não valoriza o produto nacional, não se orgulha de ser brasileiro, quer cidadania europeia, diz que qualquer importado é melhor, o que nem sempre corresponde à realidade). Bem, um só item já é suficiente para deixar um carrapato se estabelecer e engordar muito, e quem o alimenta é a insegurança. E pode ficar até maior do que o indivíduo, e o dominar. É o carrapato agindo agora em nome de João. A esse fenômeno damos o nome de complexo (algo formado de muitos elementos interligados entre si, difíceis de decifrar). Esse é o primeiro componente do ciúme, o medo de não ser “bacana” o suficiente para uma pessoa que é tão “bacana” ficar com você, justo você que tem os "cabelos crespos...”. E faz nascer um sentimento de que a qualquer momento, alguém que possua o atributo que lhe falta, vai cruzar o caminho da pessoa querida, e pronto: A perderá num zas-trás. No caso, nesse pensamento, o outro é visto frágil no sentimento e fútil e estaria com a pessoa por “caridade”, nunca por amor. Aqui saímos da centragem, e não pensamos na realidade, agindo como um complexo, inclui fantasia, a fantasia de que está sendo traído, gerando a insegurança Essa insegurança é provocada também pelo desejo reprimido de João, de trair sua namorada, de seu próprio medo em não conseguir ser fiel ou não ter certeza de que ama, então João projeta, isto é, atribui a Gabriela os sentimentos que são dele. O desejo de ser infiel é dele! O outro componente do ciúme é o apego. Ninguém quer perder nada, nem guarda-chuva rasgado, que dirá uma pessoa digna Com o apego pode-se dizer que a pessoa tem caráter egoísta ou uma fantasia prepotente para acreditar que só ela já basta ao parceiro e que não necessita de amigos, irmãos, pais, até o trabalho causa insegurança, se ela ficar em alguma hora extra, . Então, a parceira que vá a lugares que ele determinar e tenha os amigos que ele achar mais adequados. Nem pensar no lanche com as amigas no shopping, etc. É não dar o direito do outro sentir algo em que ele não esteja diretamente incluído. Muita atenção dos pais nessa hora, a gente tem o hábito de sentir esse amor de apego pelos filhos também. Eles precisam crescer, mas nós adoramos tê-los em casa e não permitimos que cresçam. Para se libertarem precisarão muita rebeldia, e insubordinação. Amar é deixar o outro ir, com a certeza de que será o melhor para ele, pois terá mais opções: ele poderá não querer ir ou voltar espontaneamente, o que será infinitamente melhor. Lembre-se sempre que quando temos a certeza da infidelidade do outro, terminamos o relacionamento rapidamente na grande maioria dos casos. No problema do ciúme o responsável é o carrapato da insegurança, nada tendo de real, e corroendo a relação, deixando a vida do outro insuportável. A angústia do ciúme é João, nada tendo a ver com Gabriela que acaba por “pagar o pato”. Desconfiança e grosseria não combinam com amor. João deve eliminar o carrapato, e para tal, não alimentá-lo é a solução. O que alimenta são os pensamentos de traições, precisará evitá-los, acreditando que se ela quiser, poderá ir. Não se preocupe com a moral do outro, isso é função doente do complexo. Ocupe-se do amado com gentileza, com interesse propiciando crescimento e bem estar. Para saber se temos carrapato agindo ou se somos amados, nós temos o parâmetro-Deus- é amor. Tudo o que aproxima Dele faz crescer e faz todo sentido também na relação! Matéria publicada no jornal dia 10 de setembro de 2011

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