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CONVIVENDO COM A FAMÍLIA DO CÔNJUGE


“Tem duas pessoas tristes nos casamentos, o pai da noiva e a mãe do noivo. E duas pessoas alegres também, a mãe da noiva e o pai do noivo” ( um fotógrafo anônimo de álbuns de casamento).

Gosto de perguntar aos noivos no curso preparatório para o casamento: -Quem tem uma mãe bacana? Todos, sem exceção, levantam as mãos. -“Mas, como se explica então as discórdias entre genro (nora) e sogra (sogro)? Por que essas pessoas são maravilhosas como pais e não tão adequadas como sogros? (os noivos se manifestam com espanto, risos, confirmações, interrogações)”. Vamos pensar um pouco no que cada pessoa vive subjetivamente, como uma realidade que é, na verdade uma fantasia única a cada um. Fantasia dos pais - Desejam na maioria, que seus filhos casem com “os encantados” - príncipe ou princesa. É difícil um jovem do senso comum agradar. E quando se é jovem, a pessoa tem a oferecer só o seu potencial para ser... algo, pois sendo uma pessoa em formação, terá um longo caminho a percorrer para sua transformação num indivíduo. Sogro e sogra não ficam confortáveis por um bom tempo do namoro, a desconfiança permeia os olhares de fiscalização. Deixo de lado a questão ciúme dos pais que veem os namorados como “usurpadores”, dedicando um parágrafo a isso mais abaixo. Os namorados tem fantasia sobre pais em geral, o senso comum diz que os adultos são capazes de amar os mais jovens, cuidar e proteger, e idealizam sogros receptivos e amorosos como seus pais, mais que seus pais, inclusive com a capacidade em adota-los. De outro lado, ouve-se dizer aos quatro cantos das sogras que infernizam a vida dos casais, e não é raro encontrar uma piadinha jocosa sobre elas. Encontrando os sogros desconfiados, inquisidores, surgem sentimentos nos jovens de desconforto, ou rejeição, ou de menos valia. Outro dado importante é que pensamos que todos nós vivemos da mesma maneira, vemos o mundo do mesmo jeito, temos a mesma sensação de realidade, unicamente por sermos humanos, mas segundo C.G. Jung (psiquiatra suíço), somos no mínimo ingênuos pensando assim, pois sempre encaramos a realidade segundo nossas experiências psíquicas, com focos individuais, e completamente diferentes uns dos outros. Apreendemos o mundo através dos sentidos, decodificamos de acordo com a capacidade de elaboração das frustrações, desejos, e realizações, influenciados pelas figuras parentais,(aqui entram as neuroses familiares), e nossas predisposições inatas para o desenvolvimento de nossas próprias neuroses, histerias, e “esquisitices” em geral. Pensamos, criamos e vivemos uma realidade única, somos heróis ou vítimas, doentes ou saudáveis, bonitos ou feios, e colecionamos na “caixinha do tempo” elementos distintos, como preocupações, ou pérolas, ou ainda pedras, etc. São Paulo escreve uma carta onde relata que não gosta quando percebe que não faz todo o bem que queria e faz um mal que não queria fazer. Refere-se a esse inconsciente que age, e que não dominamos, interferindo no nosso querer. Então, quando quatro pessoas se juntam, com tantos componentes inconscientes atuando, quase sempre teremos um clima tenso permeando as novas relações. Os noivos que esperam o acolhimento que não veio. Os pais queriam super pessoas e se defrontam com jovens mortais inacabados, cheios de dificuldades. E para completar, todos causam estranhamento a todos, por conta de hábitos e heranças de comportamento da família de origem. As pessoas se parecem a acidentes umas nas vidas das outras, trombadas, sinal vermelho ultrapassando, raladas na lataria, e qualquer contratempo é motivo para confirmações de supostas suspeitas. -Hahá, eu sabia, que essa menina não era flor de se cheirar, comprou um outro sapato em um ano, é uma gastona, pobre do meu filho!!!!! Então, aqui falamos um pouco do ciúme das mães com seus filhos – o seu homem ideal , o que a ama, abraça, se parece a ela até fisicamente, um encanto de rapaz, ajuda financeiramente, etc. ‘ Agora não para mais em casa, não come a comidinha especial que faço para ele. Quem é a mulher que se atreve a retirar essa joia rara da vida dela’? E o ciúme dos pais com suas filhas – a mulher ideal, a que lhe faz a sopa quente a noite, lhe beija com carinho, penteia seus cabelos, diz que ele é o máximo. É linda, encantadora, se parece com ele fisicamente. ‘ Quem é o “moleque” que se atreve a levar para a baladinha sua menininha, que esteve sempre sob sua proteção’? Não dá para esquecer que TODOS ESTÃO CERTOS, cada um com seus pontos de referência, sua bagagem interna e suas fantasias. E a solução é a aceitação do diferente, inclusão, o respeito ao jeito de ser do outro. Tenho para dizer que competição a nada levará o quarteto, e sem vencedor, todos serão perdedores. E também que não existe competição de uma pessoa, se isso acontece com você, é porque você compete também. De qualquer lado da raia que esteja, saia dessa corrida, faça o oposto, comece a agradar, se interessar pelo oponente, seja mais simpático e conquiste essa relação. Mostre sua competência saindo, e não entrando em disputa infrutífera. Mãe e esposa, não dá para o rapaz ser feliz com uma, e sim com ambas. É necessário muita calma nessa hora. Devemos lembrar que embora não escolhemos sogros, genros e noras, essas relações também não se formam por si só, são construídas com afeto. E precisamos desmanchar as fantasias, as idealizações. C.G. Jung diz que é bem difícil chegarmos até a real realidade, porém podemos chegar mais perto dela, de acordo com a disposição, boa vontade para dar atenção e entender melhor os fatos. Nas escolas, os professores passam por curso para inclusão de crianças com necessidades especiais, mas isso é porque vivemos uma sociedade individualista, onde cada um acredita que o seu jeito é o melhor, e que os outros todos não são importantes Jovens humanos inacabados, são reais por serem comuns e normais. Esses castelos e príncipes são símbolos que estão no nosso inconsciente coletivo, representando a idealização de um par combinado, de uma segurança na relação, da dignidade, amor, palavra de rei. Da realeza dos sentimentos, do caráter íntegro do casal. Viver esse inconsciente coletivo é o que importa, que os dois estejam bem, se adequem nesse processo. Cabe aos pais a maturidade para propiciar ambiente saudável àquela relação nova, para que de fato os verdadeiros problemas entre eles surjam, para perceberem se são compatíveis, e não desgastarem o namoro em briguinhas e picuinhas com os sogros, deixando de lado o verdadeiro foco do namoro – dar-se a conhecer para pretender o amor do outro. Levar em consideração as diferenças, entender e aceitar novas formas de ser. Perder preconceitos. Quer ser e ter uma família mais harmoniosa? Pratique a generosidade. Matéria publicada no jornal dia 10 de fevereiro de 2012

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