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FACETAS DA ANSIEDADE


“A única coisa que devemos temer é o próprio medo” Franklin Roosevelt “-Eu queria que acabasse logo essa espera... Não aguento pensar que faltam tantos dias... ...Senhor, porque não é hoje essa prova?” Nessa fala tão comum à grande maioria das pessoas, cabe uma reflexão bem interessante: - O que é ansiedade, quando começa, e se podemos viver.Sabemos por experiência que vivemos numa ansiedade coletiva, porque a vida moderna (em seus derivados) produz muitas pressões. Metas a alcançar, superações das metas, e competitividade desenfreada em todos os segmentos sociais. Existe uma cobrança de saúde, beleza, desempenhos profissional e familiar, aliados a ser feliz, a fazer agora. Junte-se à insegurança quanto à criminalidade e violência a qual somos submetidos, objetivamente, ou patrocinados pela mídia, sua falta de assunto, sensacionalismo É um ambiente propício para desenvolver o sintoma em questão, a ansiedade. E não tem idade certa para iniciar, a verdade é que podemos observar ansiedade na mais tenra idade. Temos aqui um dado muito interessante, ela é vista como o problema central na teoria da aprendizagem, pois sabedores que somos, a educação é uma repetição constante de aprovação e punição, por parte dos pais, professores e outros. Todos o fazem com a pretensão de introduzir ordem e lucidez na vida da criança. Mas isso acaba desencadeando ansiedade nelas, por não saberem se serão e quando serão, aprovadas ou repreendidas. É como se vivessem uma guerra, onde o terreno está minado e ela poderá pisar a qualquer hora em uma. Viver uma guerra real, ou emocional, ou do imaginário, significa estar numa condição constante de tensão e preocupação. Ficamos inseguros, querendo que o final de cada situação aconteça antes do tempo previsto. É insuportável a espera porque pode não dar certo, podemos fracassar, e daí advém a pressa toda da finalização do fato, como no exemplo do início do texto. Porém as situações correm em seu tempo e necessitaremos esperar, mesmo que “ansiosamente,” até o desfecho final. E como dói essa espera... medo... Nossa sobrevivência vai depender da capacidade em tolerar a ansiedade que se fará inerente frente a ameaça produzida pela guerra (a não obtenção do resultado esperado). Sigmund Freud (psiquiatra) destacou a ansiedade como o problema inicial das desordens emocionais e comportamentais. Segundo ele, ansiedade é o fenômeno fundamental da neurose, o centro dela. E ela aumenta quando não há um vilão claramente definido, nada e ninguém para projetarmos sobre eles o nosso medo. Na verdade estamos envolvidos e e somos peça do problema. “Ansiedade é uma reação do homem à ameaça de “não ser” (Paul Tillich) Quando somos dominados por ansiedade perdemos a liberdade, e o bem é a liberdade, pois para Kiekegard (filósofo), “querer ser ele mesmo” é a verdadeira vocação do homem. Esse não ser, não se refere somente à morte, mas sim a ausência de significado da existência do indivíduo que sente-se ameaçado, ao constatar a sua insignificância; o indivíduo elege uma posição de defesa, criando uma situação, onde possa guardar seu EU (fuga do meio pelo medo). Niltrich (teólogo), diz que toda atitude do homem, criativa ou destrutiva, envolve alguma ansiedade, o que faz com que se supere em seu medo. Então aqui podemos entender que ansiedade é necessária. Mas afirma que acaba sendo a ansiedade a primeira condição interna do pecado. Diz que a descrição dos sintomas narrados pelo ansioso, é a descrição interna do estado de tentação. Agora devemos pensar no grau desse sentimento perguntando: - ansiedade mata? -Sim, mata porque muita ansiedade provoca uma forma de reação patológica, onde senti-la fica sendo uma dor, um vazio tal, que pode provocar suicídio, e também formas funcionais de distúrbios mentais (onde se inclui neuroses). Há autores que dizem que uma das formas de prejuízo trazido pela ansiedade, é o divórcio. Ele acontece porque há uma crueldade na relação. E explicam como crueldade a conduta do cônjuge exacerbando a ansiedade no outro – e isso é cruel. Continuam dizendo que tantos casos de divórcio provocam na sociedade uma sensação de normalidade, e por ser “normal”, acontecerá em maior escala, e isso produz mais ansiedade entre os casais. Acrescento a você leitor esses dados, para uma reflexão sobre o grande número de separações de casais atualmente. Pode ser, não é? -Mas, é possível viver sem ansiedade? Bem, ausência de ansiedade seria o “comportamento fútil”, onde o indivíduo é descompromissado total com o objeto, não conferindo-lhe grau de importância, o que seria também patológico. E o que seria então a ordem e lucidez , aquela tentativa dos pais de orientação aos filhos para a vida? É faze-los saber, entender que existe evento bom, isto é, que o resultado final corresponde à expectativa; e existe a falha do evento, onde o resultado é frustrante, porém o filho deve estar mais convencido e apostar, que o evento bom ocorrerá. A confiança em si mesmo nada mais é do que a atitude de que podemos seguir em frente apesar da dúvida e da ansiedade. Bem leitor, sabedora disso, a pessoa não mudará seu comportamento ansioso, e só estará subjetivamente preparada para enfrentar de um modo construtivo a inevitável ansiedade, quando estiver CONVENCIDA (não só no consciente, mas também no inconsciente) de que os valores a serem ganhos quando se vai em frente são maiores do que aqueles obtidos pela fuga. O fato é que atualmente temos uma cultura aberta à ansiedade generalizada, mas parece que é a característica mental mais saliente da civilização ocidental. Quero terminar essa reflexão deixando à você a oportunidade de pensar a sua ansiedade, com uma citação de C.G. Jung, que diz: “Há um medo secreto dos “perigos desconhecidos da alma”. É claro que somos relutantes em admitir um medo tão ridículo. Mas devemos compreender que esse medo não é injustificável, em absoluto; pelo contrário, tem fundamentos sólidos.” Matéria publicada no jornal dia 10 de julho de 2012

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