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DIFICULDADE EM AMADURECER? PODE SER SÍNDROME DE PETER PAN


Dificuldade em amadurecer pode ser a Síndrome de Peter Pan - Peter –“Sou a juventude, sou a alegria, sou um passarinho que acaba de sair da casca do ovo!” -Wendy -“Mas por quê você fugiu?” -Peter -Porque ouvi meu pai e minha mãe conversando sobre o que eu ia ser quando fosse adulto. E eu quero ser sempre um menininho e me divertir.” Vamos combinar que das vivências humanas, uma é muito difícil - ser pai/mãe. Os pais criam expectativas várias sobre o futuro potencial do recém nascido, advindas da inexperiência, da vaidade, e do orgulho . E das próprias “dificuldades” emocionais e educacionais surge “o método” de criação onde vão assim permeando a espera do primeiro filho bem como seu desenvolvimento ao longo da vida. -” Como será?... E as fantasias vão delineando uma face. Perfeito, lindo inteligente, líder nato, bondoso, esperto, sagaz, engraçado e divertido, generoso, arrojado, forte, sensível, ágil, rico, excelente filho, aluno exemplar e...... “ Como crescer e dar conta desse contingente de exigências? Ah! pobre dele, coitado dele!!!! De cada 100 crianças elencadas portando a síndrome de Peter Pan, registradas por Dan Kiley,( psicólogo, Chicago), 82 delas eram de filhos mais velhos. Tratado como mini adulto, onde o erro não é admitido, cresce em meio do medo de errar e perder o afeto dos pais, e embora tratado como um pequeno deus, nosso herói desde cedo desenvolve sintomas de ansiedade , insegurança e solidão, e já terá um pico alto desses sintomas perto dos treze anos. A cada erro sentirá uma culpa, e lotado dessa culpa, perderá a autoestima. Inseguro, não decide, procrastina, evita a ação, não faz. Mas tem de se safar das tarefas de forma inteligente, pois ele não pode aparentar irresponsabilidade, isso seria como admitir que comete todos os erros que lhes são creditados. Então surge no seu discurso algumas frases de auto defesa, como : espere só um pouquinho e já vou indo, para camuflar a falta de responsabilidade. E sua maior arma, é o esquecimento, pois esquecer é possível. Se tiver um ou uma irmã menor, vai depositar nessa criança sua” maldade emocional”, e se ele cuidava do irmão bebê, depois de crescido, ele o perturbará até lhe tirar a paz . Bem, esse quadro instalado não pode ter correspondência com pais saudáveis, temos de admitir, são pais com problemas de imaturidade, não perceberam o processo educacional para dar-lhe forma e rumo, desavisados dos sentimentos mais íntimos dos filhos, e que não conseguem expor seus sentimentos um ao outro, como casal em conflito, principalmente em se tratando da relação conjugal. Mas o problema é que costumam usar o diálogo com o filho principalmente para expor seu descontentamento com o cônjuge. E geralmente projetam a suas insatisfações como se fossem causadas pela conduta do filho, mas na realidade querem jogar indiretas ao cônjuge, levam mensagens ocultas. E confundem a razão e os sentimentos do pequeno, como relataremos o discurso de Antônio aos 12 anos, neste exemplo: “Eu magoo minha mãe porque sou como o meu pai, que não tolera que eu magoe a mamãe. Papai não gosta da gente como gosta do trabalho porque não tem sentimentos. Mamãe não me entende e eu a faço encher o papai. Eu devo protegê-la, mas isso quer dizer que devo usar meus sentimentos pra fazer o que o papai não faz. Pra proteger meu pai, preciso tomar jeito e não ser como ele. A mãe reprime a raiva e o ressentimento do marido, e o marido a rotula de chata, de fraca, e afoga as magoas em algum vício, na bebida, ou como no exemplo, no trabalho. Mas é doença? Não, porém, trás transtorno no comportamento afetivo, e se encaixa na história do menino que não queria crescer, e quando não cuidado, a vítima não se tornará um adulto, mas sim, representará um papel de adulto, onde fará parte trabalhar, se casar, ter filhos, mas viverá angustiada por achar a vida entediante e monótona. E após os 45 anos, poderá fazer aumento da depressão, ou rebelar-se contra o estilo de vida que criou, por considerá-lo indesejável e sem significado, abandonando-o, na tentativa de recapturar sua juventude, pois a passou lá, na” terra do nunca com os meninos perdidos” Então preste atenção para identificar os sinais:

  • Paralisia emocional, onde raiva aparece como fúria, decepção aparece como auto piedade, alegria aparece como histeria. Simplesmente não sabem o que sentem.

  • Procrastinação, onde as frases de maior efeito são : não sei, espere e dane-se.

  • Por culpa, quando adulto, precisa estar fazendo algo, sem relaxar.

  • Impotência nas relações sociais, ele sofre da necessidade de pertencer a grupos, porém, não demonstra amor e preocupação efetivamente com o grupo.

  • Não aceita seus próprios limites, por falso orgulho, não se desculpa.

  • Pensamento mágico, e o fato de pensar que é diferente, já será, não erra, mas os outros sim, e raciocina assim como defesa das suas inabilidades e da paralisia emocional. Frequentemente esse pensamento os leva ao abuso de drogas, pois creem que quando estão loucos ( com o pozinho de pirlimpipim), seus problemas desaparecem.

  • Conflito com a mãe, pois há ambivalência entre raiva e culpa, as maltratam querendo libertar-se da influência das mães, então intercala sarcasmos e ternura na relação.

  • Conflito com o pai, onde se sente alienado no relacionamento , quer aproximar-se mas está convencido de que jamais receberá aprovação e amor, e idealizará o pai, mesmo em idade adulta.

  • Conflitos sexuais, é mais demorado para perder a virgindade, , e por conta de sua maneira infantil, tende a afastar as namoradas, ocultando sua sensibilidade atrás de uma postura machista, cruel e até impiedosa.. A autonomia da mulher chega a ser provocação.

E possível controlar a síndrome de Peter Pan, perder o medo de amadurecer, mas para sair da “terra do nunca” em qualquer estágio, necessitará da ajuda dos adultos, de preferência, ajuda profissional. O processo é de médio prazo, e se você adulto, se identifica com alguns sintomas, comece já.

Matéria publicada no jornal dia 10 de fevereiro de 2013

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