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A EVOLUÇÃO DO AMOR



Eu o amo tanto que já não posso mais viver sem ele, prefiro morrer.” (Malu, 16 anos) Quem não se lembra do primeiro amor? É tão intenso que dificilmente a força das tormentas do tempo o apagará. Recordá-lo inclusive produz emoções, alegria, ou nostalgia. Mas, em que momento estamos preparados para amar? A necessidade de afeto, de amar e de sentir-se amado, é fundamental para o ser humano. Por isso, nós estamos sempre prontos a amar, e em cada etapa do desenvolvimento, haverá uma forma de manifesta-la. Então, nos primeiros anos, a capacidade de amar está basicamente ligada à necessidade de conservação da vida, e a mãe é a fonte de segurança da criança, a fonte de alegria, de prazer e de estímulos. A criança sente-se protegida. Em seu livro A Carícia Essencial, Roberto Shinyashiki, coloca a seguinte frase sobre isso; “Dê-me um afeto, uma carícia, qualquer afeto”. É que na primeira infância a criança quer atenção para sentir-se amada, e para isso, não importará a qualidade de afeto, nem que seja uma carraspana. Quando ela diz: – eu te amo – na verdade ela quer dizer – me ame, preciso que me ame. Com os hormônios aflorando, os amigos na pré adolescência recebem um afeto exaltado e compulsório. Vá você, leitor e pai, falar algo negativo do amiguinho do seu filho para experimentar a ferocidade com que o “fiel escudeiro” o defenderá, sobrando a você o papel de preconceituoso e malvado. Essa exaltação perdurará viva e flamejante durante toda a adolescência. Chegada a adolescência, o amor é a manifestação de um extremo narcisismo, (amor a si mesmo), pois menino e menina não vêem o amigo, mas se vêem no amigo, eles amam o próprio EU. Não é levada em conta a identidade do outro, mas sim a sua própria identidade.Expande-se uma fervorosa amizade, cega, e não raro trará desilusões. São situações amorosas, afetuosas, e não há ênfase na sexualidade consciente, embora seja uma relação erotizada. São experiências marcantes, sentidas com profundidade, mas... é o amor a si mesmo, não há a capacidade de avaliar o outro para saber se é merecedor desses créditos. E como todos os outros afetos, o amor romântico é também um processo, um sentimento de plenitude e realização que se inicia desse sentir adolescente e se desenvolve a partir das mudanças interiores, da capacidade da maturação afetiva e mental do indivíduo. Surge então uma timidez frente ao outro, e uma poderosa dignidade pessoal. A fantasia assume a sua grandiosa participação nos afetos ,mas um ainda não ama ‘o outro”, e sim, um ama “no outro” o ideal de parceiro e o próprio amor. E o próximo passo do desenvolvimento refere-se ao desejo do indivíduo de ser importante para alguém, e querer ter alguém que seja importante para si. Inicia uma busca, e ao encontrar, projeta na pessoa “tida como ideal” a sua capacidade de amar (fabricada pela ideia, agora dotado de conotação sexual). E se apaixona pelo sentimento que essa capacidade de amar lhe trás. Mas dá os créditos ao outro que julga ser maravilhoso, confundindo-o com esses sentimentos, como se fosse o merecedor de tal afeto. Ainda esta apaixonada por si, mas acredita que é pelo outro, que só está servindo como se fosse uma tela para projeção de filme, do seu filme. Muitas vezes é a isso se dá o nome de amor. Entra aqui o amor que nada mais é do que dar-se a conhecer para pretender o amor do outro. Isto significa que não se conhecem ainda. Esse sentimento novo é revolucionário, junte-se ao desejo sexual e tudo o que for aqui experimentado será marcante. Com a convivência, ou o casamento, o dar-se a conhecer, os obriga a cessarem as projeções, e o outro se revela, e... “a casa cai”. .. . Aparece a frustração por perder a pessoa idealizada, surgem as discussões, as decepções, e as desilusões. –“Ele mudou!!” É a hora de saber se o casal já superou o narcisismo ou então a relação se desfaz. Se a desenvolveram tem início a relação amorosa produzindo frutos admiráveis que talvez você consiga reconhecer e avaliar se já desenvolveu sua capacidade de amar. Leia com atenção “... O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca perece,... Quando eu era menino falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem deixei para trás as coisas de menino...” A evolução maior, última do amor é doar a própria vida pela humanidade ...Ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos se não tiver amor... nada serei. (Continue em Corintos 13) Matéria publicada no jornal dia 10 de junho de 2013

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