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DE ONDE VEM A MOTIVAÇÃO?

“... Ou seja, serão pessoas produtivas que tocam e fazem o futuro, capacitados pelo que aprendem, que sonham, criam, e realizam” (Gurgel 2004)


Marta é a segunda filha do casal, mas é seu irmão dois anos mais velho, que recebe as honras familiares por ser extrovertido ,alto e inteligente. Ela é mais tímida e mirradinha, gosta de histórias, fica mais no universo dela; oposto ao vigoroso e simpático irmão.

Os dois crescem com diferentes elogios e expectativas que os pais vão depositando neles, e as falas (pricipalmente da mãe) constantemente se repetiram durante os longos anos, assim diziam:

“-Ele é muito inteligente, se sai bem em tudo o que faz, é aluno nota dez! Ele vai estudar, ser doutor. Bom, porque ele vai sustentar a família não é? E a Martinha, coitada, é muito esforçada, faz todos os deveres, mas não vai estudar porque não precisa, ela vai ser dona de casa mesmo, não é?!”

Com personalidades diferentes, as buscas do irmão eram fugazes, e na adolescência se envolvia com turmas arruaceiras, baderneiras e agressivas. Por ser reprovado na escola várias vezes, não concluiu o ensino médio. Casou, e teve dificuldades para sustentar a família, é instável no humor, ganhou muito dinheiro; mas adquiriu um papel de vítima “do mundo” após a falência financeira, e não se levantou mais. Se considera fracassado profissisonal e pessoalmente. Não visita e nem telefona para os pais, chegando a ficar mais de ano sem vê-los alegando a difículdade aos 300 quilômetros que o separa da cidade dos pais.

Martinha estudou desenho, tocava violão, fazia artesanato, tinha muitos amigos, concluiu o ensino médio e apesar de seus pais não apoiarem enfrentou duas faculdades e fez pós graduação. É profissional liberal, também casou, tem seu próprio consultório, independente, e se considera vitoriosa, com realizações pessoais e profissionais. Cuida dos pais.

Agora faz sentido a pergunta do nosso título:- De onde vem a motivação de Martinha?

Por quê o irmão se desviou tanto das expectativas depositadas sobre ele?

Vamos pensar juntos, uma vez que ambos foram motivados, sobre os dois tipos possíveis de motivação, sendo uma extrínseca, e a outra intrínseca.

“A extrínseca se relaciona com o ambiente e tem a ver com ganhos do tipo de prêmios mediante desempenho adequado.” Constantemente usada para aumentar o desempenho profissional também. Tem lógica porque a empresa contratante quer lucros e competição acirrada entre os funcionários, e para ela é maravilhoso.

Mas na verdade, a motivação é um estado de espírito provocado e determinado por si mesmo. É uma automotivação, daí se dizer intrínseca – força interior capaz de se manter ativa mesmo diante de adversidades- não dependendo do ambiente. Está relacionado com o interêsse pessoal individual e só vai ser alterado pelas escolhas da pessoa. Na motivação intrínseca normalmente a pessoa sente-se sempre mais satisfeita, adquire maior compromisso com as tarefas e utiliza suas habilidades e desafios pessoais no trabalho. Tudo a orienta para uma meta. E valores e atitudes externos são mais um elemento motivacional.

Essa motivação faz com que a pessoa se “esforce” para alcançar seus propósitos, e o esforço é a base das conquistas, pois qualquer meta demanda entraves, conplicações e desafios. Nesse segmento forma-se a resiliência, pois dará a capacidade ao sujeito de transpor obstáculos no seu cotidiano tanto no nível pessoal interno, como externo.

O leitor pode pensar agora que os comentarios da mãe não surtiram efeito, mas a verdade é que por repetição ela ensinou para a filha que deveria ser “esforçada” se quisesse alcançar algo, ao mesmo tempo que lhe dizia de outras possibilidades, como a de ser doutora quando se referia ao futuro do irmão. Porém quando a mãe dizia que o irmão seria doutor por ser inteligente, lhe passava a consigna de que a conquista seria só pelo fato da sua inteligêcia, e que seria fácil. E ele se decepcionou com a vida pela falta de aquisições, e também se decepcionou com os pais. Na tentativa de incentivá-lo, motivá-lo,” ela mentia” quando se isentou de comunicar-lhe que teria “esforço” em qualquer caminho a ser percorrido para o sucesso; coisa que não faltou à Martinha. Para ela os pais não mentiram, disseram que para aquisições havia esforço e que ela devia persistir. O grande esforço dela no final, foi estudar e ser resiliente aos comentários dos pais. Por essas situações o irmão se afasta dos pais e ela não.

Como tudo o que é bom e saudável nessa vida é difícil para conquistar, criar filhos também o é, e demanda muito esforço por parte dos pais apesar de sua inteligência. O que mais comumente vemos são pais que acreditam na motivação extrínseca, ofertando em troca de bom desempenho belos prêmios como recompensa. Mas, e quando não tiver mais essas recompensas, o que sobrará para o filho? Talvez a imagem de fracasso uma hora se faça presente

Incentivar seu filho em buscas próprias, deixa-lo com menos estímulos eletrônicos virtuais, e mais na sua natureza primitiva e intrínseca, também lhe fará bem.


Até um certo ponto você poderá fazer um pato voar e se julgar um pássaro cansado da vida pesada para viver, porém, ele se sairia bem melhor se na infância tivesse ao seu dispor uma pequena lagoa para brincar.

É imprescindível comunicar ao filho que ele pode dar o seu melhor em todas as tarefas e que esforçar-se é uma condição natural para obter sucesso

”Um genio tem 5% de genialidade e 95% de desempenho”. Albert Einsten


Matéria publicada no jornal em julho/2016




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