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SEU FILHO É UM FOLGADO?



Embaixo de um folgado sempre tem um sufocado.” Içami Tiba (psiquiatra)


Vamos falar do quotidiano, o dia a dia das famílias em geral no Brasil.

Percebemos que os pais atuais são bem empenhados nos cuidados de seus filhos. As crianças em geral têm de tudo, e os pais se esforçam para que estejam acima da realidade financeira familiar. Além de tablet, celular, recebem orientações culturais, físicas, aprendendo desde uma natação, línguas, kumon, e outras atividades. Em geral a mãe se incumbe de levar seus pequenos, médios e grandes filhos às diversas atividades. E claro, repartem o carro com os marmanjões aos 18 anos.

Um dia desses uma mãe confessou que estava cansada por demais. Adolescentes já, seus filhos que vivem nos moldes acima citado não colaboram em nada com ela, que trabalha fora de casa, rala muito, e tem pouco tempo para as tarefas diárias, mas sente-se obrigada a executar sozinha essas tarefas. Eles, além de não ajudá-la, chegam ao cúmulo de jogar as roupas sujas ao lado do cesto ao invés de jogar dentro do mesmo. E me conta cheia de raiva que não gosta de serviços do lar e acha uma grande injustiça sobrar tudo para a mulher, cozinhar, limpar, lavar, e passar.

Assim como os filhos dela, posso inferir que na sua casa, seu adolescente nem sempre cozinha uma refeição, pois você o faz, e ainda se preocupa em agradar seu paladar. E também pode ser que a louça possa sim ser lavada por ele, mas na hora em que estiver disposto, e isso pode demorar até alguns dias. Colaboração zero para conservar ou limpar o lar.

Há uns vinte e cinco anos estive nos Estados Unidos e fui jantar na casa de um casal de americanos. Em dado momento vi os filhos –a menina de 10 e o menino de 13 anos- que colocavam a mesa para o jantar. Na sequência trouxeram carne assada, batatas, salada, milho cozido e nos chamaram à mesa. Elogiei o fato das crianças ajudarem servir o jantar, quando para minha surpresa ela me disse que eles é que o tinham preparado, e que propiciaram a ela o prazer de receber as visitas da melhor forma. As crianças sentaram-se à mesa e seus rostos irradiavam alegria por sentirem-se participantes do contexto familiar, por serem úteis.

Por que os filhos brasileiros, em geral, diferem desse comportamento?

Fui buscar em C.G.Jung uma orientação sobre educação. Interessante sua afirmativa que – “Antes de operar sozinha a criança necessita ter muitas experiências em cooperar.”

Em nossa realidade, encontramos mães atribuladas pelos tempos modernos que preferem fazer sozinhas por ser mais rápido e eficaz, do que esperar com paciência que seus filhos em desenvolvimento o façam. Desde guardar os próprios brinquedos, como terminar a lição de casa, higiene pessoal e outras. Alegam que operam sozinhas, por praticidade. Querem poupar o tempo deles para que se desempenhem muito bem nas suas atividades extra lar. E por isso os filhos não são solicitados para “afazeres do dia”durante todo o ciclo escolar, isto é, desde os 3 anos até o seu término que para muitos pode ser o diploma universitário.

Me parece que as mães atuais estão em competição entre si para ganhar o título de mãe exemplar do ano, exibindo para tal seu” filho-troféu” especialmente maravilhoso. Embora após um período o leite materno seque, vemos as “mamães aleitando seus bebês” mesmo quando já atingiram vinte, trinta anos, ou mais. Nem que seja comprando lanche na hamburgueria da sua preferência.

Para a maioria das mães que eu pergunto:- qual o grau de importância que seu filho tem para que o lar funcione bem? Que tarefa ele tem como responsabilidade e se não a fizer a família sentirá a falta? Eu ouço a incrível resposta que nem a sua própria cama ele faz, e não existe responsabilidade alguma para ele dentro do lar. Ele não tem importância para que as coisas continuem andando bem no dia a dia. Algumas até pedem dicas do que eu “acho” que o filho possa fazer.

A minha resposta é que dentro de casa seu filho precisa fazer tudo com você, aprender a cooperar. Vai varrer? Ele pode ir buscar a vassoura.

Ao dar essa simples ordem, aos três anos, você estará ajudando-o na orientação espacial, na compreensão de frases, o chama para a realidade no aqui e no agora, e ao dizer –“muito obrigada, meu filho, pois me ajudou com a sua atitude”- você aumenta a auto estima dele, dá um grau maior de importância no contexto familiar. Mas o mais importante leitor, é que seu filho estará interagindo com uma ordem que lhe deu, aprendendo a ouvir você e entender o que quer,para aceitar orientações posteriores que sem dúvida, ocorrerão em abundância. Estará acostumado a interagir, a fazer junto, a ser mais generoso. Isso não lhe dará um filho “santo”, mas sem dúvida, uma pessoa no futuro mais participativa e colaborativa, com o” pé no chão” sobre as reais necessidades e possibilidades dessa família.

Então comece desde já, a hora é agora e cuide de deixar seu filho ter autonomia para adquirir amanhã auto suficiência.

Matéria Publicada no Jornal outubro de 2016



























































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