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MECANISMOS DE DEFESA


Você já percebeu que quando pensamos é como se falássemos com alguém? De um lado aparece uma espécie de vóz interna que afirma algo, e outra que responde ao que afirmamos, estabelecendo um diálogo interno. Assim:

“...E quando Cris encontrou aquela carteira com dinheiro teve o impulso de pegá-la e afirmou:- Se houver algum dinheiro vou ficar com ele porque estou precisando. Então a outra voz disse:- Não senhora! Não te pertence, não pegue. Ela afirma na sequência: Se eu não pegar outro pegará, então por isso eu pegarei sim... (o diálogo irá continuar por um tempo ainda, até que um dos lados convença o outro) “

Essa cena acontece com todos, e o dado interessante é que uns associam ao” anjinho e o diabinho”, outros chamam a vòzinha interna de “neura, e outros nomes”. Mas na realidade está acontecendo uma guerra instalada na nossa psique entre o EU (quem eu sei que sou, sei o que vivo e o que faço, e como me controlo), e o Meu Instinto (os desejos que são refreados pelo Eu por conta da sociedade e seus costumes).

Sigmung Freud diz que o ego (EU) progressivamente deve conquistar o Id (instinto). Com isso tornará o EU mais repleto de recursos, mas isso vai deixar um saldo de conteúdos que são reprimidos, recalcados. E que se alojarão no inconsciente, podendo atrapalhar nossas emoções.

É um jogo de forças presente na mente, em que as mesmas se opõe e lutam entre si. E surge da disputa a tal da ansiedade cuja função é a de assinalar um perigo interno, pois o maior temor do EU é o retorno ao estado de fusão inicial com o Instinto, caso a repressão falhe ou os impulsos do instinto sejam fortes demais. (Medo de perda de controle total).

Estamos protegidos nessa guerra por mecanismos de defesa, isto é, processos psíquicos inconscientes que aliviam o EU do estado dessa tensão psíquica entre: o instinto intrusivo e um SUPER EU ameaçador, juntado com as forças da realidade externa do mundo. Devido a imaturidade do EU, os mecanismos de defesa surgem para ajudá-lo nas batalhas, para que a mente encontre soluções que anteriormente estavam inacessíveis a esse EU imaturo.

Então entenda que esse diálogo que você houve nada mais é do que todo esse funcionamento no intuito de deixar você continuar sendo você e controlar a ansiedade. Voltando ao exemplo de Cris, ela está entre o desejo do instinto, a repressão externa que diz o que é ético e o que não é, e o mecanismo de defesa de projeção para aliviar o grande desejo que ela tem de ficar com o dinheiro, mas sabe que não deveria. Necessita uma desculpa e joga para as outras pessoas a vontade que é dela – ficar com o dinheiro.

Quando estiver com um EU mais fortalecido não precisará usar o mecanismo de defesa chamado projeção, isto é, dizer que é o outro que faz algo que ela quer fazer. Então assumirá que sim, ela quer fazer ( o diabinho vence), ou se renderá à moral vigente e não pegará o que não lhe pertence (anjinho vence), conforme aprendeu, independente das circunstâncias.

Para que se estabeleça o fortalecimento do EU há a necessidade do indivíduo olhar para si, seu funcionamento, sensações, sentimentos, conhecimentos, crenças. Enquanto isso, vai se valer de mecanismos de defesa para aliviar a tensão causada por essa guerra, lembrando que quanto mais estruturado seu EU, menos diálogos ansiosos Cris terá, acarretando menos recalques e repressões para seu inconsciente.

Quero então apresentar a você leitor, os principais mecanismos de defesa que atuam para que encontremos soluções que, de alguma forma, nos ajudem nos conflitos que surgem o tempo todo, entre o que queremos, o que podemos e o que devemos fazer.

-Repressão ­­­­­ é a retirada de idéias, afeto ou desejos que perturbem a consciência, deixando tudo no inconsciente.

-Formação Reativa,quando se fixa a idéia exatamente oposta àquela que era desejada (do outro lado)

– Projeção, são sentimentos próprios indesejáveis que atrubuímos serem dos outros,

– Regressão, Retorno para formas anteriores porque elas o gratificavam, por não conseguir resolver os conflitos da situação atual.

– Racionalização, quando não se leva em consideração à regra e sim sua exceção, por exemplo, não ando de avião,porque avião cai.

– Negação, que é a recusa de perceber os fatos muito perturbadores, e retira do indivíduo a percepção necessária para lidar com os desafios externos, deixando-o sem a capacidade de encontrar estratégias para a sobrevivência;

– Deslocamento,é o redirecionamento de um impulso para um outro alvo, como se fosse um substituto. ( Exemplo: Deixa de ter medo do pai para ter medo de baratas)

– Anulação, através de uma ação, busca-se o cancelamento da experiência prévia e desagradável. (Exemplo: ajudar o seu sequestrador).

– Introjeção – Toma para a própria personalidade algumas dificuldades emocionais do outro.

Embora tenhamos outros mecanismos que também nos defendam, falaremos em outros artigos sobre alguns delas, no intuito de clarear melhor o funcionamento do nosso aparelho psíquico. Até o próximo.

Matéria Publicada no jornal em maio/2017



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