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A CIGANA LEU O MEU DESTINO, EU SONHEI...

“Maior é o que está em vós, do que o que está no mundo” João 4:4

“Vejo uma pessoa que se diz amiga sua, com muito poucas qualidades ao seu redor... te inveja,...mas o que você vai encontrar logo, porque está no seu caminho já,...é um homem lindo e bom que a fará muito feliz, terão filhos e viajarão muito e... a moça sai feliz olhando melhor todos os homens que cruzar daí em diante” ( ciganas que ajudam seus maridos, lendo as mãos de mulheres que necessitam saber o que ainda não lhes aconteceu) A moça sai feliz!

A projeção ocorre em todos os momentos da vida. Ela é essencial no estágio precoce de desenvolvimento, e contribui para a distinção entre o eu e o não eu (si mesmo), e tudo o que for experimentado como prazeroso pertence ao eu e tudo o que é penoso e dolorido é experimentado como sendo o não eu. Isso é normal, esse processo ajuda a fortificar o Eu e a estabelecer o indivíduo como um todo. Na infância ele se faz necessário pois a criança aprende direto e ele ocorre de forma automática. A criança pega tudo que ouve para ela, introjeta todas as informações que os adultos projetam como bom, e vão assim formatando o seu EU (identidade). Com o passar dos anos a maturidade deveria nos ajudar a criar um filtro de análise dos conteúdos projetados, e que podemos escolher introjetá-los ou não. Encontramos várias pessoas que não usam o filtro e introjetam quase tudo o que ouvem.

Mas segundo Fenichel (2005), esse mecanismo quando usado em larga escala por adultos, identifica uma regressão da pessoa ao narcisismo,isto porque outros mecanismos falharam.

A projeção que a cigana fez nada mais é do que o que ela pensa que é o melhor para aquela pessoa ouvir. E que vai pagar bem por essa informação. Mas podemos projetar inconscientemente coisas que na verdade são nossas sim, mas que não reconhecemos como tal. Por exemplo, vejo uma pessoa que se diz sua amiga, com muito poucas qualidades (inveja)– a cigana está se referindo a si mesma. Jogou para fora um sentimento que lhe é pertencente como se fosse de outrem.

Seria como uma retirada inconsciente, uma fantasia de que retirou de si o que não a agrada e ao mesmo tempo acredita que tem qualidades que não tem, E retira de si delegando a outra, apontando na outra esse comportamento.

Para os autores kleinianos a um jogo de interações constantes entre os movimentos projetivos e introjetivos do mesmo modo que entre os mundos objetais internos e externos, isso devido ao sentimento de esvaziamento, tédio de não ter algo novo. O que contribui para a manutenção de boas reações objetais vitais para o indivúduo. Seria como uma defesa contra essa insatisfação. É o tipo mais primitivo de relação com os objetos. Como dissemos acima, é através dela que se constroem objetos internos (psiquismo) permitindo a formação de um Eu e de um super eu. Só que não são uma cópia fiel do que foi o objeto apresentado, podendo ser deformados por projeções outras de energia sexual e outros sentimentos do indivíduo.Lembrando que a criança por não ter filtro introjetará quase tudo que lhe for dito,portanto adjetivos desqualificativos ficarão marcados.

A pessoa retira através de fantasia os conteúdos que não deseja ter e cria esse ser imaginário como se amasse a si mesmo, mas não se ama na verdade. No caso da nossa cigana, ela provavelmente se sente com poucas boas qualidades para ajudar seu marido financeiramente, então se deprecia. Para sofrer menos, joga fora esse conteúdo em cima de outro personagem e cria um para ela, que seria uma adivinhadora de futuro que faz o bem para as mulheres inseguras.

Do outro lado tem a moça que introjetou o conteúdo da cigana e sua crença de que aquilo é verdade vai fazer com que fique atenta a todos os homens que cruzar.Enquanto começará a analisar suas amizades para ver quem não é dotada de boas qualidades. Claro que encontrará um “bode expiatório”, e perderá a amizade com alguém.

Usar o filtro para o adulto é de fundamental importância, pois poderá entrar em situações complicadas, uma vez que nem tudo o que ouvimos foi dito para nós, mas sim para a própria pessoa que falou.

Nas missas e cultos, palestras e aulas, e nos relacionamentos em geral, ocorre o mecanismo de defesa de projeção daqueles que falam e de introjeção passando pelo filtro daqueles que ouvem.Construa um bom filtro e fique alerta!

Materia publicada no jornal 10/07/17

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