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TRANSTORNO OPOSITIVO DESAFIADOR OU DESOBEDIÊNCIA?


A mãe de Joca está nervosa demais da conta porque foi chamada à escola e as notícias não são boas. Ouviu muitas críticas a respeito dele, e espera o pai do menino para uma conversa a três. Na sequência o pai chega e há tanta confusão com roupas e objetos esparramados que ele reclama: -“Caramba mulher, nem tenho onde sentar aqui na sala, você não guardou nada”?

–“ Todos precisam colaborar comigo, não dou conta, acabo de queimar o arroz, só eu fazendo tudo e os demais tirando tudo do lugar, não dá!”

Em seguida vem um diálogo sobre o comportamento de Joca, mas o casal entra em conflito de opiniões, o menino interfere falando alto em sua própria defesa, e questionando veementemente os pais, e a escola que segundo ele, a coordenadora bem como os pais, o perseguiam. Na sequência, um tumulto intenso se forma, gerando a briga com ofensas verbais, os três aos berros, até que o pai bate com força a mão na porta, e grita mais alto ainda: - “Chega!!”

Naquela tarde a escola avisou os pais que se o comportamento imperioso e agressivo e opositor de Joca não melhorasse, ele seria convidado a sair da escola. Segundo a diretora, ele discute por tudo, quer ter razão em todas as situações, não tem bom relacionamento com os professores e nem com os alunos, atrapalha as aulas, impede os colegas de aprenderem muitas vezes, pois perdem a concentração, é violento quando se impõe, faz o que quer, ameaçou a professora, e a maioria dos seus professores têm medo dele.

O que os pais ainda não sabem é que Joca é portador de um transtorno denominado Transtorno Opositor Desafiador, conhecido como TOD.

Uma tênue linha o separa da desobediência, pois o Transtorno de Oposição Desafiante (DSM-V), ou Desafiador de Oposição (CID 10), é um dos transtornos mais comuns em crianças e adolescentes, e embora todos se rebelem algumas vezes, a diferença está na intensidade, pois no TOD esses comportamentos são muito frequentes. São eles:

- desobediência com oposição às regras

-desafio às normas do adulto

-ignorar solicitações

-irritar e perturbar propositadamente

- apresentar ressentimento

-surtar por qualquer contrariedade

-buscar se vingar

-culpar outros por seus próprios erros

-hostilidade, inclusive verbal

O TOD faz parte do grupo de transtornos chamados disruptivos. Essas transtornos são assim chamados porque as crianças que os apresentam tendem a causar perturbação para aqueles ao seu redor, colocando-se em conflito com normas sociais ou figuras de autoridade. Seguem um padrão persistente de comportamento desobediente, hostil e desafiador contra figuras de autoridade principalmente referente a pais e professores. Demonstram rebeldia, estão sempre em oposição aos adultos, e por também terem dificuldade para controlar as emoções, a explosão de raiva se parece a um surto. Sua predominância é mais comum entre 2 e 3 anos de idade principalmente quando está com fome, estressada ou chateada. E a tendência é diminuirem com o passar do tempo e desaparecer. Menos nas crianças com TOD, causando prejuízo social e acadêmico significativo, além de destoar do comportamento das outras crianças da sua idade. Pode ocorrer uma comorbidade, onde encontramos além do TOD, outros transtornos, como:- transtorno de humor, ansiedade, déficit atentivo, hiperatividade, e será necessário intervenção profissional nesses casos. Quanto mais cedo, melhor.

Precisamos levar em consideração que para obedecer, qualquer criança precisa de pré requisitos: conseguir ouvir o que os pais (ou adultos) falam, mas os pais precisam de concordância quanto a educação, referentes a regras e rotinas. Atualmente a educação da criança acaba sendo “terceirizada”, pois no desgaste da vida urbana, com suas correrias e demandas, além de muitos objetos de desejo precisarem ser conquistados, os pais “esquecem” a devida proporção do educar. Procriar é bem mais simples do que criar, pois nascemos seres NATURAIS, com desejo, agressividade, ira; e cabe a eles, os pais, transformar essas crianças, adaptá-las a seres SOCIAIS. E se os pais não o fizerem com amor, a sociedade o fará, mas com dor.(Lembre-se de que criança ou adolescente irascível e sem qualquer auto controle frente a mínima frustração são visados inclusive para bullyng).

Para que a criança não desenvolva TOD, ou para melhorar a relação da que já o desenvolveu, aqui vão algumas dicas para fazer você, pai ou educador, refletir melhor:

-Conversar é necessário entre os pais sobre regras e rotinas, com o objetivo de ajustar os pontos de vista sobre educação, evitando orientações divergentes.

-Acreditar que o único responsável pela educação do seu filho é você. Escolas ensinam conteúdos variados, educação afetiva, religiosa; moral e ética é em casa.

-Pais devem educar amorosamente; dar ordens explicar o básico, sem falar muito.

-Realçar mais os acertos do que os erros. Aprender a elogiar e agradecer ao filho..

-Casa organizada ajuda muito a criança a se orientar e se organizar.

-Pais devem pensar em conjunto qualquer decisão sobre o filho.

-Conviver com mais atividades prazerosas, buscar bons momentos ao ar livre..-Desenvolver as habilidades sociais do filho com esportes, música, e outras atividade “Escolas que incluem alunos com qualquer tipo de transtorno precisam treinar seu estafe.”

Matéria publicada no jornal em junho/2018





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