top of page

CONTENTAMENTO OU FELICIDADE?

Cristina chega ao trabalho saltitante e sorridente, pois tem novidade na sua rotina.

“-Amigos, comprei um carro!!! Estou muito, mas muito feliz (risos). Como é bom realizamos nossos desejos, não acham? E detalhe importante, paguei a vista, nem devo (risos). Estou tão feliz!!!”

Os amigos simpatizaram, se alegraram por ela e o dia no escritório foi alegre. Até a hora do almoço. Após almoço seu superior a chamou e disse que infelizmente ela estava cortada do time. Não necessitava mais de seus serviços. Cristina chorou, reclamou, se descontrolou, ofendeu pessoas, e depois deprimiu. Por mais de uma semana não quis ver ou falar com as pessoas em casa. Estava sem humor, intolerante,respondia grosseiramente aos pais.

Antes de saber como a história terminará vamos refletir : o que é felicidade?

Qual é o lugar onde os seres podem viver tranquilos e felizes? Como conquistá-la?

Brinco com os amigos, dizendo que o ideal seria morar no topo da montanha, sozinho, e sem espelho (risos), pois corremos o risco de brigar com nossa imagem. Sempre creditamos a felicidade ou infelicidade à pessoas e objetos em geral. Ocorre que somos seres desejantes e a todo momento lançamos vários desejos. E ao conquistar um, lançamos outro, etc.

Então morar no topo da montanha isoladamente não trará a felicidade. Um professor que tive na faculdade,Psiquiatra e Escritor, José Angelo Gaiarça, dizia:” Qual a graça em você ser maravilhosamente perfeito, do bem, centrado, legal, e não compartilhar isso com os outros?” O outro não é o problema, e sim, nós mesmos, nossa forma de interpretar fatos e inclusive confundindo sentimentos.

Ocorre que há um diferencial entre quando temos um desejo satisfeito de quando somos felizes.

A realização de desejos é uma FELICIDADE RELATIVA, produz a alegria e satisfação em ter conseguid


o realizar o desejo, o objetivo.

Mas sentir-se num contentamento indescritível pelo fato de estar vivo, e de poder transformar tudo o que nos faz sofrer (com mudanças do olhar), é a verdadeira FELICIDADE ABSOLUTA.

Podemos comparar essa felicidade com a ILUMINAÇÃO? Sim, exatamente isso.

Se Cristina estivesse com o sentimento de Felicidade absoluta, apos sua demissão, todo aquele quadro seria bem diferente, ela saberia que poderia transformar tudo o que a faz sofrer e que um novo emprego melhor e mais bem remunerado a estava esperando. E que aproveitaria essa pausa para realizar grandes obras.

Você leitor, está pensando “que grande obra” uma desempregada poderia fazer?

Poderia por exemplo dedicar-se mais a um projeto social, poderia fazer leituras para pessoas internadas nos hospitais, poderia levar seu filho ao parque de areia, poderia ler uma história para as crianças do parque. Enfim, aquilo que acreditamos ser o superficial mas que é o permanente e profundo. Perdemos a noção do permanente e importante, e trocamos sem culpa alguma pelas ilusões passageiras.

Não quero aqui desconstruir o valor do trabalho remunerado, mas sim, enaltatecer o real valor do que trará felicidade absoluta.

Digo mais. A felicidade relativa não lhe trará a felicidade absoluta. Tenha coisas, objetos, mas não se apegue. Mas quando sentir “infelicidade” dentro das coisas que pensamos fazer felicidade, aí sim, podemos depois de muita infelicidade, valorizar o permanente e estabelecer a condição de felicidade absoluta.

E como fazer isso? Dentro do entendimento do auto conhecimento, e na sua entrega com a verdadeira oração, que brota do seu coração, eliminando as suas maldades. Daí você não se importará com a maldade dos outros. Mudou o mundo em que vivia.

Atenção, pois essa revolução não existirá sem a sua ação. Determine para começar, mas saiba que é um contínuo aprimoramento e sem fim.

Quanto ao final da história de Cristina tudo dependerá dos avanços e do crescimento que ela poderá ter com os dois epsódios: aquisição e perda para encaixá-los no plano de contentamento e descontentamento ao invés de felicidade.

Matéria publicada no jornal em novembro de 2019.


Recent Posts
Archive
Search By Tags
bottom of page