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CONSEQUÊNCIAS DO ASSÉDIO


“Teka, excelente professora de biologia, trabalha há 10 anos na mesma escola, e todos a respeitam e admiram. Responsável, dedicada, os alunos gostam muito dela, pois dialoga com facilidade e na paz, a linguagem dos jovens com os quais trabalha. Durante a pandemia, esforçou-se ao máximo, e suas aulas foram muito bem aceitas. Início do segundo semestre a direção renovou a coordenação da escola, respondendo agora para Léo. O percebeu várias vezes perdido quanto à filosofia, bem como normas diárias e sobre o funcionamento objetivo da escola. Um fato tornou-se recorrente daí pra frente:-cada vez que Léo encontrava algum entrave, recorria a ela, que além do seu trabalho, arcava com o dele. Feira cultural, campeonato, correria das provas, aulas híbridas, e as confusões de Léo. Teka estava bem cansada. Resolveu dizer -lhe que não poderia mais fazer tais serviços, pois estava atrasando seus compromissos com a escola.

Alguns dias após essa conversa foi chamada para uma reunião só os dois, portas fechadas, onde ele afirmou que:” Deveria abrir os emails que ele enviava mesmo fora do horário ou dia de expediente; deveria fazer a aula híbrida em pé, apesar dos alunos no online não ficarem com acesso; deveria fazer funções extras quando solicitada. E os emails não deveriam ser passados com cópia à diretora, como sempre foram, agora era só para ele E entre outras coisas, disse que muitas pessoas o procuravam diariamente enviando currículo para trabalhar. Poderia empregar quem quisesse,” insinuando que a despediria” caso não obedecesse suas ordens ou quando lhe aprouvesse . Teka passou a noite em claro e no dia seguinte pediu reunião com a diretora. Esta a ouviu e disse que então iria chamar Léo e ela para uma conversa a três. Inteligente, entendendo a humilhação a que estava sendo submetida, entrou em desespero, transtornada, trêmula. Chegou em casa e desabou literalmente num choro compulsivo, medo, tristeza, batimentos cardíacos alterados. O próximo passo precisou ser a visita a um psiquiatra que, ao examinar optou por retirá-la do ambiente de trabalho. Agora estava hostil, pois cada vez que pensava em relatar o fato, Teka tremia, chorava e não conseguia dizer uma palavra.” Sabemos que mesmo se recuperando, ficará afastada do trabalho, e depois de 30 dias não terá mais salário compatível (caixa). Sabemos também que a perícia do trabalho a fará obrigatoriamente retornar para um lugar onde não consegue mais ficar. Saldo negativo é que sem opção, precisará desligar-se do emprego, deixando pessoas queridas, sonhos a realizar, bem como dificuldades com dívidas a honrar.

Sempre que houver:- conduta abusiva, exagerada por palavras, gestos, atos, comportamentos, escritos que trazem danos à personalidade, dignidade ou integridade física ou psíquica; ou colocar em perigo seu emprego degradando o ambiente de trabalho, alterando a autoestima que comprometerá o desempenho; convites indecorosos constrangedores, causando ambiente intimidativo, desestabilizador, e afetando a sua dignidade.- Estaremos frente a assédio.

Define-se assédio por um conjunto de sinais ao redor ou em frente a um local determinado com a finalidade de exercer domínio.

É uma insistência, perseguição, impertinência, pretensão constante em relação a alguém.

Teka sofreu assédio moral e violência emocional, com perseguição de forma contínua e prolongada.

Foi ameaçada a perder o emprego por Léo, que inicialmente abusava dos préstimos dela, a perseguia obsessivamente e não aceitou ouvir a palavra “basta”. Pode ser que houve inclusive prevalência de poder por machismo, submeteu a mulher, queria que cumprisse ordens fora das leis escolares e trabalhistas . Ameaçou despedi-la caso se opusesse; porém o descaso da diretora quanto ao assunto também foi a maior agravante. O convite para a reunião a três deixa claro que pretendia tratar a professora com “acareação”, ”confronto”, técnica utilizada entre réus afim de delação de crimes. A violentou, fez desabar por terra a confiança que sempre sentiu pela instituição, abalando a confiança no futuro, na permanência do trabalho, desestabilizou emocionalmente e moralmente a professora..

Essas cenas são mais frequentes do que se possa pensar, leitor. Sabemos que quando as pessoas chegam à justiça na maioria das vezes trata-se de assédio sexual, porém assédio é sempre algo muito destrutivo para o emocional e psicológico de quem passou por ele. Atualmente convivemos também com assédio virtual chamado cyberbullying, e infelizmente muitas pessoas já estão passando por ele. A tendência é que vai se proliferar.

Teka está afastada daquilo que mais ama fazer, agora toma remédio controlado, e se quiser poderá processar a escola. Mas dificilmente provará o que aconteceu, E não conseguirá mais voltar a trabalhar alegremente, esses fatos são altamente marcantes; muito menos trabalhar lá e com aquela qualidade de pessoas toxicas. Pergunto aos leitores se deveria ter algum tipo de punição para alguém que estraga a paz, mina o desejo de viver, abala o emocional e psicológico de uma pessoa com a conduta destrutiva de assédio. Nunca mais ela será a mesma. O Leo? Continuará estragando outras vidas. A diretora? Nada mais a acrescentar.

“Parta pra outra... se as coisas não correrem bem” De Rose

MATÉRIA PUBLICADA DEZ/21

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