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O PRIMEIRO MANDAMENTO



Jurema chega ao consultório com expressão melancólica e muito entristecida. Nota-se depressão no ar da moça, aparentando de 45 a 50 anos e pertencer à classe média. (Qual seria a dor rondando e adoecendo essa pessoa?) me perguntava enquanto andávamos em silêncio até a sala de atendimentos. Ao se sentar olha para mim com olhos marejados de lágrimas. Inicia então sua narrativa que, dentro da abordagem Junguiana de Carl Gustav Jung (psiquiatra) é chamada de confissão.

“Perdi a vontade de viver, não tenho prazer em cuidar da casa, dos dois filhos e nem do esposo. Meu desejo é permanecer na cama esperar que a morte venha e me leve também. Já que ela levou meu pai e eu não só não aceito, como também não sei e nem quero viver sem ele. Segue a expressão de dor e continua dizendo que dependia parcialmente do pai financeiramente, e que isso não tinha importância nos sentimentos dela, e sim como saber viver sem pai. Sem a alegria e generosidade dele que a estimulava enfrentar a vida.

O pai teve morte súbita, enfartou provavelmente (segundo ela) decorrente da discussão que travou com a irmã mais nova. E ressalta que a raiva de tudo ora sentida é muito forte. Não perdoa a irmã e está revoltada com todos e tudo do mundo.

O que essa história tão comum de acontecer tem com o tema? Antes de tudo gostaria de enfatizar que esse é um olhar através da psicologia e meu entendimento. Isto será uma ideia.

Existem espécies de leis que regem todo o universo e a lei de impermanência é uma delas. Não existe no nosso sistema planetário algo que dure para sempre. O tradicional “para sempre” é relativo. Existem coisas na Terra que permanecem mais do que os humanos, causando essa ilusão. Não vemos o término, mas tudo tem data marcada e um dia acaba. A areia do mar um dia foi pedra. O sistema todo de vida no Planeta é muito complexo, assim como nossa complexidade. Deus criou tal complexidade com grandiosa potência criadora. E o que vemos: Tudo, o todo em constantes transformações. Então revelou o primeiro mandamento - amar a Deus sobre todas as coisas. Acaso devemos pensar referir-se a uma estátua de ouro daquela época? Ou com esse mandamento, explicou que se não for assim as pessoas sofrerão muito. Ele não dizia de Amá-lo por sua vaidade, mas sim do funcionamento de todas as leis que regem o universo que criou brilhantemente.

No decurso da vida desde a infância nos levam à reflexões infantis de que se formos bonzinhos, tudo nos favorecerá e que teremos o controle sobre todas as coisas. E que assim como a criança quer mudar as regras que a desfavorecem no meio do jogo, queremos alterar leis da vida. Desenvolvemos

então sentimentos de revolta e não aceitação dos fatos. Porque o difícil em amar a Deus sobre todas as coisas acontece sempre quando somos contrariados nos nossos desejos, como no caso do nosso exemplo inicial. Jurema está tão contrariada com a morte do pai a ponto de não querer mais viver num lugar cujas leis regendo a vida, agora não a favorecem. Então pergunto:- seria isso, o amar a Deus sobre, e acima de tudo, isto é, quando Suas leis não estiverem favoráveis em algum momento? Jurema se rebela, despreza o fato de que somos transitórios e passageiros por aqui, e afirma categoricamente que o pai dela tem de ficar fora dessa lei. E podemos então perceber o que acontece com quem se revolta com algo imutável. Nada mais além de criar para si com essa atitude o sofrimento, desespero, desconfiança, ira, depressão e outros. Temos horror ao sofrimento, mas sofremos. Amamos viver, mas morremos. Agarramos nas aparências, mas elas se desmancham. Na igualdade de todos, ninguém escapa do sofrimento, envelhecimento, doença e morte. Ao entender isso adquirimos uma vida de paz.

Então está em boa hora começar reflexões amadurecidas, além da criança, e entender o complexo em que vivemos a fim de perceber o quanto maravilhosa é a vida assim como Ele criou. Tudo está no esquema, e fora disso só nossos pensamentos infantis querendo alterar regras universais. Falta entendimento do grande contexto que nos envolve, da magnânima obra onde fazemos um papel que pode ser magnífico (ou irrelevante). Mas somos só co adjuvantes, pois Ele é o protagonista, e autor da obra. Mas na verdade de soubermos viver segundo o projeto, teríamos uma vida de Éden, com alegria, saúde bem estar e serenidade.

Sua revolta ou irritação em qualquer assunto não resolverá nenhum problema. Mesmo que você esteja contrariado não alterará a natureza das coisas inalteráveis. Além de você não estar praticando o primeiro mandamento. Pense, se sofre, tem algo errado.

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