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PREGUIÇA OU BOREOUT?


Alex chega a casa, a esposa com o filho de três anos no colo o saúda com um sorriso:

-Olá, que bom que chegou, e como foi o seu dia?

Cabisbaixo, desanimado, responde sem levantar os olhos para vê-la ou ao bebê.

-Igual, nada muda, eles não confiam em mim naquela empresa, veja bem: Agora que eu recém estava implantando o projeto que vai mudar o perfil do RH (recursos humanos) da empresa, vieram com outro assunto. O assunto? Acabam de fechar um contrato com um prédio de alto padrão para administrar e está sediado no Rio de Janeiro.

-E isso não é bom pra empresa?

-Sim, é muito bom, pois há meses negociam. A empresa perdeu inúmeros contratos durante a pandemia, e agora vai ter um alívio financeiro, um “gás” a mais. Só que me escolheram para fazer um levantamento de como tudo lá está. Disseram que serei como os olhos deles para a implantação de serviços variados, incluindo contratações e as reformas que eu acreditar serem necessárias. Farão tudo em acordo com o que disser ser necessário.

-Você não está contente em ser o escolhido para tal tarefa?

-É que estou desconfiado que meu chefe não deseja que eu alavanque o meu projeto, acho que me querem bem longe, estou cansado de não fazer. Ninguém me fala uma palavra de retorno e nem sei o que pensam de mim. Sempre que me chamam para uma reunião de gerentes, vem a impressão que vão me mandar embora. Nada me dá prazer. Eu vou ao Rio de Janeiro e farei da melhor forma, porém não darei o meu máximo porque não adianta. Voltarei em três ou quatro dias. Acho que devo procurar outro emprego, não sei por que eles me seguram lá se não faço nada todo tempo. Tenho uma angústia no peito só em pensar de ir trabalhar, me dá um frio na barriga, que não quero ir.

-Marido, deixa de preguiça, vá e fique o tempo necessário para um bom desempenho.

Podemos perceber desânimo, descontentamento, certa apatia na conversa entre Alex e sua esposa. Ela acredita que está indolente por preguiça. Mas um olhar mais demorado pode levar a outro diagnóstico. Podemos classificá-lo como portador da “Síndrome do tédio, ou aborrecimento”. Trata-se de um distúrbio psicológico que se manifesta quando há baixa carga de trabalho afetando a psique no ambiente de trabalho. Sofre de falta de estímulos a ponto de afetar sua saúde mental. O colaborador entra em estado de apatia indiferença. Nesse caso podemos classificá-lo como portador de Boreout.

Foi designado para uma missão bem interessante, com viagem, pesquisa de observação, levantamento de problemas e soluções, incluindo uma razoável confiabilidade do chefe que o quer olhando como se fora ele. Pode ser que a empresa realmente teve perdas nesses últimos dois anos, e esteja com falta de demanda para os funcionários, tanto quantitativa quanto qualitativa. No entanto agora que chega a chance de um trabalho interessante, ele se comporta como alguém em estado de apatia e desinteresse. Não está conectado à empresa e por consequência deixa de fazer boas entregas. Esse fato pode ocorrer em mais pessoas alterando o bem estar coletivo e os resultados de uma organização. É como uma desconexão e não só má vontade. O fato é que quando se desenvolvem os quadros tanto do burnoult (depressão no trabalho) quanto boreout, eles necessitam interferência psicológica e as vezes também psiquiátrica.

Veja algumas dicas para evitar que se instalem:

Ter pouco trabalho e muito tempo ocioso, receber menos responsabilidade do que poderia, realizar funções que você se sente humilhado, suas ideias não são levadas a sério, não sente reconhecimento pelo que faz, as condições de trabalho deixam a desejar, sobrecarga, horas extras e trabalhos para casa, pressão excessiva, assédio moral, discussões com colegas.

Para qualquer trabalhador também é necessário pensar nas suas atividades como um todo. Se mexer em atividades esportivas e físicas, ter momentos bons fora do trabalho, encontros com amigos e parentes, pensar melhor na alimentação e consumo de álcool.

Tenha objetivos e caminhe em direção a eles.

“A evolução se processa, em grande parte graças à energia dos atritos entre as pessoas e entre os grupos” Prof. Yogin De Rose


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