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VALORIZANDO A MESA



“Mamãe disse que um dia numa conversa com Deus, Ele lhe perguntou: Se você não estivesse mais aqui, teria ensinado e dado tudo o que a Devi necessitaria aprender para ter uma atuação eficaz, edificante no mundo? (Devi tinha 12 anos), Levando a impressão a sério, começou a solicitar a minha participação em todas as atividades, incluindo as tarefas domésticas. Ela não me colocava para fazer tudo sozinha, mas me mostrava como fazer e eu trabalhava ao lado dela. Ela me orientava a usar os pratos mais bonitos no jantar, elogiando depois minhas tentativas. Minha mãe ajudava minha avó, eu ajudava minha mãe, minha filha me ajudava e hoje minha neta ajuda minha filha. Quando o leite derramava à mesa, ela dizia, não chore o leite derramado, Ela ensinava o porquê - não fale de boca cheia para não engasgar - então era fácil obedecer. O ritual de passar a travessa para que todos se servissem sabendo que deveríamos pegar, mas deixar para os demais nos auxiliou muito a aprender o significado da importância do outro, e do repartir sem ganância. E dizia, não é só comer à mesa, mas comer na graça faz toda a diferença. Mamãe moldou meu caráter por meio da participação”.

Esse exemplo leitor, encontrei no livro de Davi Titus, uma senhora, renomada conferencista nos Estados Unidos, casada há mais de 50 anos, e tive muita vontade de compartilhar aqui no nosso jornal por perceber o grande valor desses ensinamentos, e que qualquer pessoa pode ter essa oportunidade e colocar em uma ação corriqueira, situações de conversas tão simples, formando os mais fortes vínculos familiares, dentro de um cenário onde não é necessário inventar nada, a grande maioria das pessoas possui uma mesa.

Resolvendo ir um pouco mais a fundo nessa questão, há pouco tempo, o locutor Alix Spiegel, da emissora National Public Radio, analisou o jantar, e descobriu uma pesquisa em Harvard e Purdue, onde se constata que as famílias que fazem as refeições juntos se saem melhor em todos os aspectos, das que não têm esse hábito. Os filhos têm melhor desempenho na escola e há menos possibilidade de se envolverem em hábitos prejudiciais, como fumar e beber, de experimentarem drogas, ou compulsão sexual.

No mesmo tema, o professor de educação da Universidade de Vanderbilt, Dr. Dickinson fez um estudo sobre o jantar, com uns pesquisadores de Harvard.( Vide detalhes sobre a pesquisa no livro - A experiência da mesa, Davi Titus) onde conclui que moldamos o caráter de nossos filhos com boas conversas à mesa. Diálogos são muito importantes, assim devemos ter muitos assuntos interessantes, boas conversas, para levar à mesa além da refeição. E que deve-se escolher um tema para cada dia, e para cada refeição. E elenca ainda uma série de assuntos pertinentes para discutir, sobre o social, atualidades, histórias antigas e recentes, contextos universais; sobre os filhos, expectativas, desejos, dificuldades, sonhos; e sobre eles, os pais, o que pensam e o que fizeram, o passado, origem, o que sonham, etc.

Mesmo que o tempo e suas atribulações nos faça optar pelo drive thru devemos ter a preocupação de arrumar com afeto e graça a mesa e sentarmos para a refeição. E se por acaso surgir um assunto desagradável, uma desobediência, diga em voz normal que só depois da refeição você pensará no assunto e tomará providência.(mas faça isso mesmo!)

O afeto talvez seja apontado atualmente como o principal fundamento das relações familiares. Mas como formar vínculo?

O afeto é decorrência da valorização constante da dignidade humana. Forma o vínculo. E o vínculo familiar é mais um vínculo de afeto do que um vínculo biológico. E o vínculo afetivo passou a ser tratado com mais atenção inclusive pelos operadores do direito.

Sigmund Freud, psiquiatra vienense ( desenvolveu a psicanálise ), que tinha como objetivo fazer as pessoas compreenderem conflitos emocionais inconscientes, acreditava que a personalidade é formada nos primeiros anos de vida, e que a origem das perturbações emocionais, situa-se em experiências traumáticas reprimidas na primeira infância.

Falta de contato, falta de atenção com os filhos, o não acompanhamento do crescimento da criança, faz com que o único vínculo que tenha, seja pelo fator biológico, mas a criança não se sentirá bem, nem protegida por alguém que não conhece direito. E o sentimento entre eles é frágil ou inexistente.

Vale a pena ainda ressaltar que os relacionamentos formados durante a primeira infância, afetam a capacidade de formar relacionamentos durante toda a vida. E ainda devemos lembrar que o desenvolvimento da personalidade está diretamente ligado aos relacionamentos sociais.

Senhores leitores, sabemos que é obrigação dos pais garantir o desenvolvimento físico , emocional, social e psicológico aos seus filhos.

Trazemos aqui para pensar, uma forma inteligente de relacionamento e valorização de todos os integrantes da família. Não basta ter um filho biológico, você leu que isso é bom, mas é pouco; é necessário adota-lo também, voltando-lhe o olhar carinhoso de atenção, e imagina que fácil, o jantar é uma ponte maravilhosa. Lembre-se de que sem esforço nada acontece. Então vamos lá, com mesas postas, conversa da boa, alegria e tranquilidade, vincular cada vez mais nossas crianças aos bons costumes, como aconteceu a Davi Titus.

“A virtude invisível é a recompensa visível” Nichiren Daishonin (Buda)


Matéria Publicada no jornal 10/09/20

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