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VINGANÇA, TEM COMO?


Taty está aos prantos, o desespero tomou conta de todos os seus poros.

-“Aquele cachorro não vai fazer isso comigo. Não, sem levar o troco. Vou me vingar, ele vai ver só, o que o espera, me aguarde”.

O marido chegou anunciando sua saída da casa, pois iria viver com outra moça. Aquela, que conhecera na academia, moça nova e bonita, além do” corpão.”

Procura a mãe chorosa, e conta seu drama. Esta a aconselha: - Deixa para lá filha, que Deus há de castigar o safado.

-Nunca! Eu o farei sofrer bem mais. E por pensão alimentícia ainda o ponho na cadeia. Quero justiça para meus filhos também! Quinze dias se passaram, e ela avistou seu ex - marido com a pessoa pela qual foi trocada. Chegando em casa, quebrou um copo e cortou os pulsos com um dos cacos. Foi tentativa de suicídio porque vizinhos perceberam algo estranho e invadiram o recinto.

Vamos entender como funcionou a vingança no caso de Taty.

A palavra vem do latim, vindi care, vin dicta, que significa: vin força mais dicere dizer, mostrar autoridade.

A vingança na verdade é uma maldade da pessoa contra a sociedade. Existem restrições sociais, são limitadoras, e nos são impostas desde cedo. De criança somos expostos a situações que contribuem ao surgimento do sentimento de extrema ira (principalmente na idade escolar). São frustrações, julgamentos, desprezo, abandono, desamparo e outros. É algo natural o desejo

de vingança, e criamos “fantasias sobre fazer maldade”. O objetivo principal é prejudicar a pessoa dando o troco. O que Taty queria inicialmente era dar o troco. Uma das formas de manifestação da vingança é justamente depositar toda ira fora de si, em cima do outro (sempre haverá um culpado).

A forma e a intensidade da vingança têm a ver com o psicológico de cada pessoa. Então as fantasias vingativas que a pessoa faz é algo individual. Ninguém se vinga igual. No exemplo, ela inicialmente queria fazer com que o ex pagasse muito caro pelo mal que lhe causou, pois assim, equilibraria a sua imensa dor. Parecendo-lhe que a aliviaria de parte do sofrimento, ou que faria justiça na medida certa. Essa é a “pseudo lógica” do sentimento de vingança. Por tratar-se de fantasias, filmes e livros podem ser escritos com excelente aceitação. Ao ler ou assistir, todos estarão se identificando com seus desejos internos de vingança.

Porém há outra forma de vingar-se, que não é fora, mas é canalizar tudo, jogando para si mesmo. Provocando automutilação, doenças psicossomáticas tais como: transtorno alimentar, depressão, rancor, sentimento pior de todos, por ser destrutivo para a pessoa.

Analisando Taty, nos dias que fantasiou vingar-se do esposo, ela acreditou que deveria ter, que mereceria uma espécie de reparação pelo que estava sofrendo. Mas a busca do sofrimento do outro, causava um sofrimento em si, e ela deprimiu. Pensar em sofrimento gera sofrimento. Vários estudos mostram através de experimentos, que nós possuímos um “identificador cerebral genético”. Quando uma criança chora, todas choram; e quando uma gargalha todas gargalham. Mas quando só pensamos em vingança, automaticamente nos preenchemos dessas fantasias.

Estava acontecendo isso com a Taty, e preenchida de ira e negatividade, culminou com a visão da cena amorosa dos dois. Então virou para si, mutilou-se a ponto de quase deixar seus filhos órfãos.

A vingança tem a ver com a identificação da pessoa com alguma coisa, que a remete para as dores do passado. No caso, Taty não foi criada pela mãe que a abandonou. Então não conseguiu suportar estar abandonada “novamente”.

Quando se pensa longo tempo em dar ou sentir algo que seja ruim, não tem como esperar receber ou sentir algo que seja bom.

Vingar-se não é inteligente, pois se perde muito tempo pensando atitudes menos nobres, que não elevam a vida da pessoa para patamares de sabedoria, e prosperidade. Ela gasta essas possibilidades com sensações que adoecem o corpo e a alma. E que em nada resultam, nem para si e nem para o outro.

Mais um aspecto sobre a vingança, é que a ira surge quando a pessoa acha um horror aquilo que a outra fez. Mas como então ela se propõe a fazer algo que seja um horror também?

Fato é que todos gostam de reconhecimento por suas boas atitudes, visto que as medalhas e condecorações são muito apreciadas. E quem as recebe, sentem-se plenas, felizes. Mas a vingança necessita de segredo, pois não é socialmente aceita e nem é um fato merecedor de condecorações. E até pelo “mecanismo de identificação”, mesmo provocando uma vingança, se for uma pessoa tida como de senso comum, ela não se alegrará com a desgraça de outro. Fica um vazio, sensação de atitude vergonhosa, algo não elogiável. O outro se refaz, e ela guardará a sensação, mesmo que não queira. Lembra que quando sentir

desejo de vingança é bom perguntar qual é a sua identificação com esse desejo?


Resta dizer que tem uma citação de Bíblia, onde Deus sugere que os humanos fiquem só com a ira, e deleguem a vingança a Ele. Lembrando que é lei de causa e efeito, essas pessoas poderão colher só aquilo que estão plantando, então, deixe para trás esses sentimentos e viva a sua vida. O que acalma a ira é a indiferença que se obtém através de compreensão. Desse ponto, comece a focar em você e seus objetivos. Canalize toda energia agora em seus projetos, em seu crescimento: emocional, intelectual, financeiro, espiritual. Aumente sua fé. Tenha confiança e seja vencedor. Essa é a melhor vingança que alguém pode fazer. Superar a si mesmo!

“Se quer se vingar de alguém abra duas covas”. William Sheakspeare

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